China ameaça retaliação às medidas protecionistas da Europa

Novas regras devem mudar estratégia comercial de marcas do país asiático

Vitor Matsubara

Vitor Matsubara

Novas regras devem mudar estratégia comercial de marcas do país asiático

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A China pode realizar uma “guerra comercial” como forma de retaliação à Europa diante das medidas protecionistas propostas pela União Europeia (UE).


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– Na Europa, montadoras precisam de tempo para concorrer com a China


Fontes ligadas às empresas afirmaram, porém, que nenhuma decisão será tomada antes de 4 de julho, quando as novas medidas entram em vigor. Na semana passada, a Comissão Europeia propôs aumento na alíquota de importação sobre carros elétricos fabricados na China.

Alíquota maior para empresas que não colaboraram com investigação

Autoridades europeias abriram uma investigação para descobrir se as montadoras chinesas desfrutam de generosos subsidíos governamentais para exportar seus carros para a Europa.

As fabricantes que colaboraram com a investigação receberam alíquotas menores. Sendo assim, o imposto seria de 38,1% no caso da SAIC (que controla a MG), enquanto a Geely precisaria pagar 20% e a BYD, 17,4%. Atualmente, o imposto de importação pago por todas as marcas asiáticas é de 10%.

A tensão entre os mercados ocorre ao mesmo tempo em que as montadoras chinesas repensam suas estratégias comerciais para o continente europeu.

BYD, SAIC e MG ainda não decidiram se vão aumentar os preços dos carros elétricos vendidos na Europa. O reajuste seria uma forma de compensar os impactos das novas tarifas estabelecidas para os veículos importados da China.

A proposta foi levada adiante, apesar dos protestos do governo da China, que sugeriu retaliação por parte da segunda maior economia do mundo caso as medidas protecionistas da Europa se concretizem.

Chineses dizem que Europa incentiva “guerra comercial”

Nesta sexta-feira, 21, as autoridades chinesas afirmaram que a relação cada vez mais tensa com os europeus pode desencadear uma guerra comercial. A declaração foi feita no primeiro dia da visita de Robert Habeck, ministro da economia da Alemanha, à China.

Habeck, que tem um longo histórico de envolvimento com causas ecológicas, divulgou comunicado criticando a política econômica alemã em relação a produtos vindos da China. E classificou-a como ultrapassada e fora e sincronia com a posição da União Europeia em relação ao país asiático.

Fabricantes da China cobram retaliação

Durante a semana, as montadoras chinesas solicitaram a Pequim que o país eleve as tarifas cobradas sobre veículos movidos a gasolina importados da Europa. 

“O lado europeu continua aumentando as tensões comerciais e pode desencadear uma guerra comercial. A responsabilidade é inteiramente da Europa”, diz um comunicado atribuído ao porta-voz do ministro do comércio da China.

A visita de Habeck ao país asiático é considerada como uma oportunidade de explicar aos chineses o motivo do reajuste das tarifas. Além de minimizar o risco de uma eventual retaliação a produtos da Europa por parte da China, o que poderia afetar o relacionamento com a Alemanha.