Juros altos e falta de crédito ainda reverberam nas vendas de unidades zero quilômetro no país
Os licenciamentos de veículos registrados em fevereiro atingiram o pior volume desde janeiro de 2022, quando foram emplacados 126,5 mil veículos em um país que já vivia as mazelas da falta de componentes. Mais de um ano depois, somaram-se outros obstáculos à lista de fatores que impedem que as vendas recuperem o patamar de anos anteriores.
Não é novidade que os juros altos, a inflação, a queda da renda média do consumidor brasileiro e a alta do tíquete médio estão restringindo as vendas de veículo novos. Também não é novidade que as montadoras estão se organizando em torno do discurso de que é preciso melhorar esse ambiente, e de que não há outro caminho senão o da articulação política nesse sentido.
Encerrado o bimestre, as montadoras ainda têm pouco a dizer a respeito de melhorias no ambiente de consumo. Na segunda-feira, 6, durante divulgação dos resultados da Anfavea, o presidente Márcio de Lima Leite reiterou que o consumidor precisa de crédito, e que apenas por meio de esforços de Brasília (DF) será possível retomar as vendas de veículos e, também, a capacidade de produção.
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Produção que, inclusive, segue acossada pelo fantasma da crise dos semicondutores. Se por um lado o consumidor não consegue comprar um zero quilômetro porque não dispõe de meios financeiros razoáveis para tal, por outro a indústria, mesmo se quisesse, não teria meios de garantir o abastecimento de veículos na ponta, já que faltam peças importadas.
Em fevereiro os emplacamentos somaram 130 mil veículos, 2% a menos do que em fevereiro do ano passado. De acordo com o presidente da Anfavea, o resultado poderia ter sido melhor não fossem os dias úteis de venda a menos, por causa do feriado de carnaval.
E também por causa de acontecimentos que em outras oportunidades foi classificado como fato novo. Neste caso,as chuvas no litoral norte paulista, que de alguma forma refletiram no desepenho comercial das concessionárias, segundo a Anfavea.
De qualquer forma, e apesar de tudo, os licenciamentos somaram 273 mil unidades no primeiro bimestre do ano, alta de 5,5% sobre o primeiro bimestre de 2022. Resta saber se em março haverá condições para um resultado trimestral positivo ante 2022.