Representantes da indústria e governo abrem o Simea 2018 com elogios ao Rota 2030
Mesmo ainda dependente de muitas regulamentações, a nova política industrial para o setor automotivo para os próximos 15 anos, contida no programa Rota 2030, foi elogiada por representantes da indústria e do governo durante a abertura 27º Simpósio de Engenharia Automotiva, Simea 2018, na quarta-feira, 1º, que este ano traz como tema “A rota para o futuro da mobilidade”, em consonância com o momento de definições. “A AEA (Associação de Engenharia Automotiva, que organiza o evento) participou ativamente das discussões do Rota 2030 durante mais de um ano, mas sabemos que ainda há muito trabalho para de fato implantar o programa”, pontuou Edson Orikassa, presidente da entidade, que forneceu consultoria técnica para elaboração do projeto.
Ao contrário do que aconteceu com o Inovar-Auto, desta vez o programa setorial incluiu benefícios fiscais também para os fornecedores de autopeças, o que recebeu elogios de Dan Ioschpe, presidente do Sindipeças, entidade que reúne as principais empresas da cadeia de suprimentos dos fabricantes de veículos no País. “É o programa que nossa indústria precisava. Nosso setor se sente recompensado pelo que foi proposto. O Sindipeças esteve envolvido nas discussões e considera que o apoio à pesquisa e desenvolvimento [das empresas de autopeças] é um fator estruturante, diferente dos programas anteriores, que permite a inserção do País na cadeia global de produção automotiva”, disse Ioschpe.
Na mesma linha, Antonio Megale, presidente da associação nacional de fabricantes de veículos, a Anfavea, comemorou a aprovação da Medida Provisória que cria o Rota 2030 como fator fundamental para reter pesquisa e desenvolvimento do setor no País.
“O Rota 2030 traz a visão de longo prazo que faltava, não é o fim, é só o começo. O programa incentiva investimentos estratégicos em pesquisa e desenvolvimento, para tornar o País relevante não só como grande produtor de veículos, mas também como gerador de tecnologia, especialmente a relacionada ao uso de biocombustíveis, que poderíamos perder sem o apoio local”, afirmou Megale.
Marcos Jorge de Lima, ministro da Indústria (MDIC), pasta onde o Rota 2030 foi gestado, destacou que o programa cria condições para o desenvolvimento no País de veículos mais eficientes, econômicos e seguros, com consequente redução de gasto de combustível, emissões de poluentes e acidentes de trânsito.
“Temos uma política moderna, que torna o Brasil atraente para o desenvolvimento de tecnologias usadas em toda a cadeia automotiva, em linha com grandes centros da Europa e Japão. Precisamos de veículos com mais tecnologia para transformar o País em um grande exportador para toda a América Latina. Temos capacidade para isso”, destacou o ministro Marcos Jorge.
Para Rogelio Golfarb, presidente do Simea deste ano e vice-presidente da Ford América do Sul, o Rota 2030 é fundamental para trazer previsibilidade ao setor e direcionar investimentos. “Não podemos trabalhar e definir programas futuros sem essas diretrizes”, defende. Mas ele reconhece que o programa não resolve todas as questões. “Temos ainda muitas batalhas pela frente. É preciso pensar em como o Brasil vai se inserir da cadeia global de produção do setor automotivo, para com isso gerar crescimento econômico e emprego no País”, sublinhou.
INCENTIVOS SATISFATÓRIOS
Um dos principais articuladores do Rota 2030 no MDIC, Igor Calvet, secretário de Desenvolvimento e Competitividade Industrial da pasta, considerou o formato final do programa satisfatório para incentivar a indústria local, com a devolução de 10% dos investimentos em pesquisa e desenvolvimento feitos para abater do Imposto de Renda e Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL) das empresas, além de prêmios para as empresas que superarem metas de eficiência energética e segurança.
“Quando começamos a discutir o projeto, é fato que queríamos dar muito mais benefícios a P&D do que o que foi aprovado, mas olhando para a restrição fiscal que o País atravessa e a condenação do programa anterior Inovar-Auto na OMC (Organização Mundial do Comércio), fizemos o que foi possível, focando [os incentivos fiscais] em tecnologias de tendência (que pode elevar o desconto a até 20%). Além disso, também preservamos o desconto do IPI para atingir metas de eficiência energética e segurança, que são ambiciosas e deixarão o País em linha com a União Europeia. Somando tudo, avaliamos ser sim suficiente para incentivar o setor a adotar as tecnologias necessárias”, defendeu Calvet.
O secretário também destacou a duração do Rota 2030 e a imposição de padrões mínimos de segurança e emissões para todos os veículos vendidos no País, sejam importados ou nacionais. “São padrões que melhoram o produto no horizonte de longo prazo. Pela primeira vez temos uma política industrial que perpassa o período eleitoral e dá uma visão de 15 anos à frente”, disse.