Na Volkswagen, em vez de demissões, sindicatos dizem ter negociado estabilidade até 2025

Linha de produção da Volkswagen em Taubaté: sindicato afirma ter descongelado novo investimento

Redação AB

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Linha de produção da Volkswagen em Taubaté: sindicato afirma ter descongelado novo investimento

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Em negociações que duraram quatro semanas e terminaram na última sexta-feira, 11, os sindicatos que representam os trabalhadores das quatro fábricas da Volkswagen no Brasil informaram que conseguiram reverter os cortes que segundo a empresa deveriam atingir 35% do quadro de funcionários. De acordo com notas publicadas pelos sindicatos dos metalúrgicos do ABC e de Taubaté, a fabricante aceitou garantir os empregos por cinco anos, até 2025, mas vai abrir um programa de demissões voluntárias (PDV) e poderá prolongar por até 10 meses o afastamento temporário (layoff) de parte dos empregados caso o mercado não se recupere. Também poderão ser usados os mecanismos de redução de jornada e salários e aumento de incentivos do PDV.
Os empregados ainda precisam aprovar em assembleias previstas nesta semana a proposta da Volkswagen negociada com os sindicatos, em termos gerais parecida para todas as quatro fábrica. Os trabalhadores de São Bernardo do Campo (SP) e São José dos Pinhais (PR) foram convocados para votar presencialmente o acordo no início da tarde da terça-feira, 15, às 14h e 15h, respectivamente, enquanto em Taubaté (SP) a convocação foi feita para a quarta-feira, 16, às 15h. Em São Carlos o sindicato ainda não publicou o edital para a votação.

NOVO INVESTIMENTO EM TAUBATÉ

O Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté (Sindmetau) informou que, além do acordo de estabilidade, conseguiu outra garantia da Volkswagen: o descongelamento do programa de investimento para a unidade, que deveria ter sido anunciado em março mas foi cancelado com a disseminação da pandemia de coronavírus.
De acordo com o Sindimetau, a planta irá iniciar em novembro a fabricação de um carro sobre a plataforma MQB – como já acontece em São Bernardo (Polo, Virtus e Nivus) e São José dos Pinhais (T-Cross). Ainda segundo a representação, Taubaté irá dividir com São Bernardo a produção do Polo e irá fabricar com exclusividade o que chamou de “Polo Track”. Também foi estabelecido o compromisso de negociação com sindicato em caso de lançamento de novos Gol ou Voyage – que ao lado do Up! são os três modelos até agora produzidos na fábrica instalada na região do Vale do Paraíba.
“Saímos de uma situação de risco de demissão em massa para um cenário de garantia de emprego até 2025. Além disso, conseguimos descongelar os investimentos para Taubaté. É um acordo que garante tranquilidade aos trabalhadores em um momento extremamente delicado da economia”, declarou em comunicado o presidente do Sindmetau, Claudio Batista da Silva Junior.
Das quatro fábricas da Volkswagen no Brasil, Taubaté foi a menos recebeu aportes do atual programa de investimentos da empresa no País, de R$ 7 bilhões no período 2016-2020, envolvendo o lançamento de 20 carros (incluindo importados) e produção de modelos sobre a plataforma global MQB do grupo.
Segundo informou ao G1 o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que representa os trabalhadores da maior e mais antiga fábrica da Volkswagen no Brasil, a planta Anchieta em São Bernardo tem a garantia da empresa de continuar a produzir o maior volume do Polo e seguirá com a exclusividade na produção da picape Saveiro ou de sua sucessora.

NECESSIDADE DE REDUÇÃO

A Volkswagen não se pronunciou sobre a negociação, não confirmou nenhum dos pontos, mas em um vídeo divulgado na sexta-feira, 11, o presidente da empresa na América Latina, Pablo Di Si, informou aos funcionários porque estava negociando com os sindicatos mostrando os resultados da indústria divulgados uma semana antes pela Anfavea, a associação dos fabricantes, apontando que a situação é preocupante, com ociosidade nas fábricas que ultrapassa os 60% e previsões de recuperação do mercado mais lenta do que a necessária para sustentar a atual capacidade de produção e funcionários correspondentes. Resumiu dizendo que conversava com representantes dos empregados “para ajustar nossa operação a esta nova realidade”. No mesmo vídeo, Marcellus Puig, vice-presidente de recursos humanos, confirmou que atualmente a Volkswagen tem ociosidade de um turno em cada uma de suas fábricas no País.
Ao que parece, portanto, a Volkswagen aceitou a garantia de estabilidade no emprego até 2025 para acalmar os ânimos – que certamente esquentariam com uma demissão em massa –, enquanto aposta suas fichas no PDV para reduzir o quadro de funcionários. Segundo os sindicatos envolvidos na negociação, a empresa vai oferecer até 20 salários para quem aderir ao plano, sem metas nem prazos informados, mas também acertou subir o incentivo para até 35 salários caso o mercado não melhore após se esgotar o uso de ferramentas de flexibilidade – layoff por até 10 meses e redução de jornada e salários, instrumentos que já estão sendo usados atualmente.
No acordo proposto, segundo os sindicatos, a Volkswagen também garante pagamento de PLR (Participação nos Lucros e Resultados) de R$ 12.800 este ano, com reajuste pelo INPC nos anos seguintes. Também foi negociada a redução da tabela salarial para os empregados da produção admitidos após 2021.