Presidente Lula e ministro Haddad defenderam a costura de mais acordos comerciais para beneficiar o setor automotivo
As exportações de veículos produzidos no Brasil foi tópico expoente nos discursos do governo e da indústria proferidos na sexta-feira, 12, no evento de inauguraçao da nova sede da Anfavea, a associação que representa as montadoras instaladas aqui.
Os embarques realizados ao exterior no primeiro trimestre do ano foi 28% menor na comparação com o resultado visto em igual período no ano passado, que representava à época uma base de comparação baixa.
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O cenário, no entanto, não vem de agora, já se estende há alguns anos revertendo a condição do país de outrora plataforma exportadora para um produtor de veículos para atender ao mercado global.
Diante da situação, as fabricantes com produção local passaram a defender que o país criasse condições para que o veículo “Made in Brazil” voltasse a ser competitivo e protagonista nos mercados vizinhos – hoje, uma posição perdida principalmente para modelos produzidos na Ásia.
O pleito das montadoras parece ter reverberado com mais força nas esferas federais. Tanto que o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse que integrará uma missão com empresários que irá à Colômbia na próxima semana.
“Estamos indo para Colômbia na próxima semana para costurar novos acordos. O México tem mais tratados comerciais do que o Brasil, estamos fazendo algo errado”, disse o presidente durante evento da Anfavea.
Segundo as contas da entidade, o México tem cerca de 47 acordos comerciais ligados ao setor automotivo, enquanto que o Brasil mantém ativos por volta de dez tratados. Para as fabricantes, é preciso mais.
“O governo está bastante sensível à questão das exportações. Elas caíram nos últimos dois anos e o que nós queremos são acordos comerciais. Para aumentarmos a nossa participação nesses países precisamos também reduzir os resíduos tributários e fazer harmonização das regulamentações entre os países”, contou Marcio de Lima Leite, presidente da Anfavea.
O ministro da Fazenda Fernando Haddad, por sua vez, comentou que a reforma tributária vai melhorar o ambiente produtivo no país, refletindo também nas exportações de veículos.
“Um dos desafios da reforma tributária é melhorar o setor automotivo. Produzir mais e exportar mais, desonerando produtos e processos. Nossos vizinhos precisam voltar a comprar nossos produtos, que voltarão a ter preço e competitividade”, afirmou Haddad.
Com a Argentina ainda em meio a uma gangorra econômica e política, as exportações de veículos encontravam um porto seguro (sem trocadilhos) no México. Só que o país latino-americano oscilou e fez as vendas externas brasileiras despencarem no trimestre.
Exportações para México e Argentina despencam
Segundo balanço da Anfavea, as exportações de veículos no acumulado de 2024 chegaram a 82,2 mil unidades, 28% a menos que nos três primeiros meses de 2023.
Detalhe que março teve o melhor resultado nos embarques dos últimos sete meses. Mesmo assim, foram 32,7 mil unidades mandadas para fora do país, número também 28% menor que o de março de 2023. Já em relação a fevereiro houve aumento de 6,5% nas exportações de veículos.
O grande culpado desta vez pela queda nas exportações foi o México. Na comparação março de 2023, as exportações para o país despencaram 54%. Foram 4,6 mil unidades enviadas para lá no mês passado.
Já a Argentina, segundo a Anfavea, retomou sua média histórica de participação nas exportações de veículos brasileiros. Em março, o parceiro foi o destino de 44% dos embarques, frente aos 17% de mix do México – no mesmo mês de 2023, foram 32% e 24% de share, respectivamente.
Mesmo assim, os 11,7 mil veículos mandados para a Argentina em março representaram recuo de 13% em relação às exportações anotadas para o país vizinho no terceiro mês de 2023.