Futuro CEO global da Jeep, Antonio Filosa terá desafios para produzir e vender nos Estados Unidos

Executivo assume posto na marca meio à vendas menores e greve dos trabalhadores

Bruno de Oliveira

Bruno de Oliveira

Executivo assume posto na marca meio à vendas menores e greve dos trabalhadores

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Era um domingo de outubro quando Antonio Filosa, CEO da Stellantis na América do Sul, recebeu um chamado desde Michigan, nos Estados Unidos: a empresa precisava de um novo executivo para o posto de CEO global da Jeep, e seu nome havia sido indicado ao cargo.

“Não tinha como dizer não. Para um italiano, seria como dizer não para um posto similar na Ferrari, por exemplo”, disse Filosa na sexta-feira, 20, em evento de despedida realizado em São Paulo (SP). Dessa forma, o “sim” foi dado e, a partir de 1º de novembro, Filosa já dará expediente nos Estados Unidos.


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Perguntado pela reportagem sobre as razões que o levaram até o posto mais alto de uma das marcas mais fortes da Stellantis, Filosa arrisca que talvez o desempenho da empresa na América do Sul tenha levado o chefe Carlos Tavares, CEO da companhia, a requisitar o seu trabalho na Jeep após a saída de Christian Meunier.

Por aqui, ao longo dos sete anos em que esteve à frente da operação na região, a Stellantis imprimiu forte ritmo nas vendas, sobretudo de modelos considerados de maior valor agregado, como os Jeep Renegade e Compass, além da picape Fiat Toro.

Com isso, a Stellantis se tornou líder do mercado e, globalmente, levou o Brasil a ocupar lugar de destaque no mapa corporativo da organização. Hoje, o país representa o maior mercado de veículos Fiat no mundo, por exemplo. No caso da marca Jeep, é o segundo maior mercado global.

Houve também nesse período a ascensão de outras marcas do grupo. Mais especificamente Peugeot e Citroën, que praticamente dobraram as suas participações no mercado local na esteira de lançamentos como o novo Peugeot 208 e o Citroën C3.

Antonio Filosa, novo CEO global da Jeep, irá manter ligação com o Brasil

Antonio Filosa tem forte ligação com o Brasil, até por manter residência em Belo Horizonte (MG) e em Trancoso, distrito turístico localizado no sul da Bahia, onde estava quando recebeu a ligação de Michigan. “Eu tinha acabado de instalar wi-fi na casa para trabalhar de lá”, contou o executivo.

Apesar da mudança de base, Filosa disse que pretende visitar o país a cada dois meses. Mas a trabalho, por causa das demandas da Jeep na fábrica de Goiana (PE).

As visitas, no entanto, deverão demorar para acontecer, uma vez que a nova posição na companhia, e o cenário comercial que o espera no exterior, vão lhe ocupar boa parte do seu tempo nesses primeiros meses como CEO global.

Ao contrário do que acontece no Brasil, a Jeep enfrenta momento crítico no seu maior mercado, os Estados Unidos. As vendas registradas no ano passado foram 13% menores na comparação com as realizadas em 2021, e isso aconteceu porque a marca tem uma oferta envelhecida no exterior.

Na América do Norte, por exemplo, o Jeep Cherokee vendido foi lançado em 2013. O Renegade, por sua vez, estreou no mercado em 2014. O Compass veio na sequência, em 2016, assim como o Jeep Wrangler, em 2017.

Deve ser justamente a renovação desse portfólio uma das primeiras medidas que o executivo vai liderar já no comando da marca, além, claro, de possíveis melhorias em termos de custos que deverá promover em toda a operação. Por aqui, Filosa conseguiu equacionar isso, principalmente em negociações com fornecedores.

Afora as demandas relacionadas ao mercado, o executivo também vai enfrentar um cenário produtivo adverso nos Estados Unidos por causa da greve que afeta a produção da Jeep naquele país. “Espero que as negociações com o sindicato avancem, porque precisamos produzir”, contou Filosa.