GWM propôs ao ministério da Indústria que incentivos sejam maiores para tecnologias veiculares mais limpas
A segunda fase do Rota 2030, que está sendo chamada em Brasília (DF) de Mobilidade Verde, deverá incentivar mais os projetos veiculares que tiverem como objetivo a redução das emissões por meio de tecnologias limpas, como é o caso daquelas que utilizam etanol em motores híbridos e, até mesmo, o hidrogênio em veículos 100% elétricos.
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Pelo menos esta é a expectativa da GWM, cujos representantes estiveram na capital federal na quinta-feira, 14, em reunião com Geraldo Alckmin, ministro da Indústria e do Comércio (MDIC) e secretários de outras áreas que participam da construção do texto da segunda fase da política indústrial, como é o caso da secretaria de comércio exterior.
À reportagem da Automotive Business, Ricardo Bastos, que é o diretor de relações institucionais da montadora de origem chinesa, disse que no encontro a empresa apresentou os pontos que considera relevantes para serem parte integrante do Mobilidade Verde. Dentre eles, incentivo via crédito presumido às fabricantes que investirem em pesquisa e desenvolvimento de propulsão limpa.
“A variação do crédito por ser de um mínimo de 4% até 13%, conforme a tecnologia envolvida no projeto. Por exemplo, alíquotas menores para projetos de veículos que utilizam etanol e outras maiores conforme sua possibilidade de baixas emissões, como é o caso do hidrogênio, que é o futuro”, contou o executivo logo após o término da reunião com Alckmin e demais interlocutores do MDIC.
Governo ainda debate sobre formato dos incentivos
Bastos não conseguiu precisar sobre qual tributo federal incidirá o benefício do crédito presumido, uma vez que o tema ainda é objeto de debate dentro do ministério. De qualquer forma, a empresa defende que ele tenha incidência sobre o valor que as fabricantes vão desembolsar para realizar o desenvolvimento dessas tecnologias.
Este tipo de incentivo é similar ao acessado pela Stellantis por meio do regime automotivo do Nordeste. No caso, a montadora acumula um porcentual de crédito de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) por veículo produzido, com variações balizadas no preço final de venda. No caso da proposta da GWM para o Mobilidade Verde, a incidência ocorre no valor investido pela montadora em pesquisa de tecnologias verdes.
“Se o país quer se posicionar como um produtor de veículos mais limpos, o incentivo a pesquisa e ao desenvolvimento é fundamental pois vai ajudar a financiar um momento novo da indústria nacional. E nesta nova fase da política industrial, ele teria um peso maior do que o oferecido na primeira fase do Rota 2030”, explicou Bastos.
Outras montadoras serão ouvidas pelo MDIC nas próximas semanas, cada uma com uma lista de sugestões a respeito de como deveria ser o texto da nova fase da política industrial. Segundo Bastos, a tendência é de que, independente da estratégia de cada uma, todas devem falar a mesma língua a respeito de quais tipos de tecnologias veiculares devem ser incentivadas pelo Estado.
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Outros pontos sugeridos pela indústria seriam, segundo o executivo, a contemplação de veículos de outros segmentos no Mobilidade Verde, como máquina agrícolas, veículos fora de estrada, motocicletas e até bicicletas.
A respeito de quando será feita a divulgação do texto final da política industrial que vai reger o setor automotivo a partir do ano que vem, Bastos disse que a expectativa é de que aconteça entre setembro e outubro. Por envolver decisões de outros ministérios, como Minas e Energia, a Anfavea espera que a divulgação ocorra mais tarde, em novembro, segundo fontes da entidade consultadas pela reportagem.