Montadoras tentam por fim à greve que já dura mais de 20 dias e respinga nos fornecedores
GM e Ford podem chegar a um acordo com o United Auto Workers (UAW) e solucionar a greve nas montadoras nos Estados Unidos – que já dura desde meados de setembro.
A General Motors informou que fez uma contraproposta ao sindicato. Esta foi a sexta oferta desde o início das negociações entre as partes.
“Acreditamos que temos uma oferta atraente que recompensaria os membros da nossa equipe e permitiria que a GM tivesse sucesso e prosperasse no futuro”, afirmou a GM em comunicado. “Continuamos prontos e dispostos a negociar de boa-fé 24 horas por dia, 7 dias por semana, para chegar a um acordo.”
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A Ford também enviou uma proposta ao sindicato nesta semana. O presidente do UAW, Shawn Fain, deve realizar uma assembleia com os associados na Ford, General Motors e Stellantis, controladora da Chrysler, na sexta-feira, segundo fontes ouvidas pela agência Reuters.
Não está claro se, nesta assembleia, Fain irá sugerir novas paralisações ou dizer que as negociações estão progredindo e greves em outras fábricas estão suspensas, comentou um dos interlocutores.
A Ford informou na terça-feira, 3, que fez uma nova oferta “abrangente”, que incluía um “aumento real do salário geral de mais de 20%” com um reajuste de dois dígitos já no primeiro ano.
Essa proposta, no entanto, quando combinada com o reajuste considerando a inflação oferecido anteriormente pela montadora, poderá elevar a oferta total de aumento salarial para perto de 30% ao longo da vigência do contrato, disseram fontes à Reuters.
GM e Ford buscam empréstimos para suportar greve
No entanto, o UAW e a Ford não anunciaram acordos sobre outras questões significativas, incluindo remuneração e representação sindical em futuras fábricas de baterias, e o impulso do sindicato para um regresso aos planos de reforma que garantam um nível definido de benefícios.
O diretor financeiro da Ford, John Lawler, disse na semana passada que a oferta de aposentadoria da montadora garantiria que os trabalhadores do UAW pudessem se aposentar com US$ 1 milhão.
Mas, em um sinal de que as montadoras de Detroit ainda estão se preparando para uma longa luta, GM e Ford já garantiram linhas de crédito para suportar a paralisação das fábricas.
A GM obteve um empréstimo de US$ 6 bilhões até outubro de 2024, junto aos bancos JP Morgan e Citibank. A empresa estimou que o custo da greve gira em torno de US$ 200 milhões durante o terceiro trimestre, disse um porta-voz da empresa.
O diretor financeiro da GM, Paul Jacobson, disse à CNBC que a linha de crédito era “prudente”, dadas as declarações de alguns funcionários do UAW “de que pretendem arrastar isso [a greve] por meses”.
A Ford, por sua vez, garantiu uma linha de crédito de US$ 4 bilhões em agosto, antes do vencimento do contrato do UAW em 14 de setembro.
Greve respinga nos fornecedores
A greve que se prolonga há 20 dias em Detroit já afeta os fornecedores automotivos. Uma pesquisa da Associação de Fabricantes de Equipamentos Motorizados (MEMA) aponta que 30% dos fabricantes autopeças tiveram que reduzir o quadro dos funcionários e outros 60% esperam mais demissões até meados de outubro se as paralisações continuarem.
As autopeças empregam mais de 900 mil trabalhadores, seis vezes mais do que os 146 mil empregados das montadoras. Além disso, os fornecedores contribuem com 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA.
De acordo com a pesquisa, 70% dos fornecedores automotivos estão preocupados com a “viabilidade financeira contínua” de seus subfornecedores.
“A saúde financeira das empresas de nível 2 e nível 3 durante a greve tem sido uma grande preocupação para a indústria, com alguns executivos alertando que muitas dessas empresas poderiam falir como resultado da greve ou não conseguirem voltar a se recuperar e atender a demanda”, informa a associação.
Segundo comunicado da MEMA, em 25 de setembro, a entidade enviou uma carta ao presidente Joe Biden pedindo empréstimos a fornecedores com receita anual inferior a US$ 200 milhões, além de estabelecer um programa emergencial de treinamento de força de trabalho que permitiria que mais trabalhadores permanecessem no mercado de trabalho.