Governo reduz IPI, mas reflexo nas vendas de carros é incógnita

Medida foi anunciada pelo Ministério da Economia e já está em vigor. Redução nos valores, na melhor das hipóteses, ficaria em 18%

Vitor Matsubara

Vitor Matsubara

Medida foi anunciada pelo Ministério da Economia e já está em vigor. Redução nos valores, na melhor das hipóteses, ficaria em 18%

O Governo Federal anunciou uma redução de até 25% do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). A tarifa engloba diversas categorias de produtos da indústria brasileira, como eletrodomésticos e, claro, os automóveis.

Assim, a tendência é que os preços dos carros novos finalmente diminuam. Porém, vale ressaltar que, por conta da existência de benefícios para a indústria automobilística, alguns veículos não atinjam o valor máximo da redução. Isso porque a alíquota do IPI depende de algumas regras pré-estabelecidas pelo governo. Neste cenário, a redução máxima poderia chegar a 18,5%.

”A redução do IPI se soma às medidas de incentivo à retomada da economia e à ampliação da produtividade que estão em curso no país, contribuindo para a dinamização da produção e, consequentemente, da geração de empregos e renda”, informou o Ministério da Economia em nota oficial.

De quanto será a redução?

O decreto federal, de número 10.979, já foi publicado no Diário da União e, portanto, está em vigência. Com isso, a tendência é que os veículos já possam ser encontrados com preços reduzidos a partir desta semana.

A medida pode dar um refresco para a indústria automotiva, cujas vendas estão em baixa por conta dos sucessivos aumentos nos preços de carros novos – no mês passado, tivemos o pior fevereiro desde 2005.

É importante frisar que a redução do IPI não será padronizada. A alíquota é calculada com base em vários fatores, como o tipo de automóvel, tamanho do motor, eficiência energética em megajoules por quilômetro (MJ/km) e até o peso em ordem de marcha.

Os veículos são classificados em categorias e pelo tamanho do motor pela Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos Industrializados, ou simplesmente TIPI. 

O colunista Fernando Calmon solicitou à Bright Consulting os cálculos de redução no IPI e de quanto será efetivamente a diferença no valor final – desde que as montadoras, claro, repassem a redução ao consumidor.

Motores até 1-litro de cilindrada: IPI de 7% para 5,7%. Preço final: menos 1,2%.De 1-litro até 2 litros (gasolina): IPI de 13% para 10,6%. Preço final: menos 2,1%.De 1-litro até 2 litros (etanol): IPI de 11% para 8,9%. Preço final: menos 1,8%.Acima de 2 litros (gasolina): IPI de 25% para 20,4%. Preço final: menos 3,7%.Acima de 2 litros (etanol): IPI de 18% para 14,7%. Preço final: menos 2,8%.

Consultor vê medida com receio

Milad Kalume Neto, gerente de desenvolvimento de novos negócios da Jato Dynamics, acredita que a redução do IPI vai impactar positivamente nas vendas de automóveis.

“De forma objetiva, a redução do custo do produto vai ser repassada para o consumidor e haverá um aumento no número de emplacamentos, já que o produto estará chegando mais para o cliente final”, disse.

Entretanto, Milad alerta que a medida é paliativa e “não deixará um legado” para a indústria.

“Essa medida não atua no desenvolvimento de absolutamente nada, então não haverá nenhuma melhoria na cadeia. Assim que o prazo para a redução do IPI terminar, tudo volta ao normal. Até mesmo os empregos do setor, que estariam assegurados neste momento, podem não ser sustentados a médio e longo prazos porque, se o negócio não for sustentável, não há como segurar (os empregos). Então pode ser uma medida eleitoreira em um ano de eleições”, alertou.

Anfavea aprova novas alíquotas

Procurada pela reportagem da AB, a Anfavea (Associação das Fabricantes de Veículos Automotores) elogiou a medida, mas aproveitou para alfinetar a alta carga tributária que prejudica o setor..

“É sempre muito bem-vinda qualquer proposta que alivie a pesada carga tributária que incide sobre a indústria de transformação no Brasil, sabidamente uma das mais elevadas do mundo. A extinção do Imposto sobre Produtos Industrializados e a simplificação do nosso sistema tributário são pautas defendidas pela Anfavea há bastante tempo”, afirmou o presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes.

“A redução do Custo Brasil é benéfica não só para o setor industrial, mas também para a geração de empregos, para os consumidores e para a sociedade como um todo”, concluiu Luiz.