Governo descarta renovação de incentivos para veículos e aposta na queda da Selic

Segundo vice-presidente Geraldo Alckmin, pacote de socorro às montadoras segue como algo emergencial e temporário

Bruno de Oliveira

Bruno de Oliveira

Segundo vice-presidente Geraldo Alckmin, pacote de socorro às montadoras segue como algo emergencial e temporário

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O Governo Federal aposta todas as suas fichas na queda da taxa básica de juros, a Selic, para que o cenário de crédito melhore o nível de consumo no país. Com base na premissa, e no que diz respeito ao setor automotivo, Brasília (DF) mantém a posição de que o pacote de socorro às montadoras segue com seu caráter emergencial e temporário.

Não há, portanto, um plano B caso as expectativas se frustrem e os juros altos permaneçam elevados, prejudicando as vendas de veículos novos.


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“O cenário vai melhorar porque nós estamos com inflação em queda. Juros futuro já caiu. Nós precisamos nos preocupar com crédito”, disse o vice-presidente Geraldo Alckmin na quarta-feira, 15, durante evento da Anfavea realizado na capital federal. “O câmbio está bom. O imposto está elevado, mas a reforma tributária vai ajudar com a simplificação”, completou Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Resultados do incentivo ao carro popular

A respeito do programa de incentivo à venda de veículos com descontos, o ministro se mostrou otimista com relação ao seu desempenho nos primeiros dias de vigência, afirmando que “a resposta [do consumidor] está sendo boa e que a procura nas concessionárias cresceu bastante”. A Anfavea também se mostrou confiante em um aquecimento das vendas, assim como a Fenabrave, que chegou a divulgar aumento de fluxo de clientes em algumas concessionárias.

Fluxo, no entanto, não configura negócio fechado. Mas mostra que, pelo menos, o consumidor pessoa física está de olho na movimentação das montadoras e cria uma atmosfera menos densa no tripé automotivo — fabricantes, fornecedores e concessionários. Uma demonstração de que o clima no setor está um pouco mais leve do que antes foi um desafio informal lançado por Geraldo Alckmin às montadoras, na oportunidade representadas pela Anfavea: vender 3 milhões de veículos no país.


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Seria uma conquista relevante, considerando que o mercado doméstico estacionou na casa das 2 milhões de unidades/ano. O pacote de incentivos deve ajudar com a adição de cerca de 130 mil unidades no volume total de licenciamentos do ano, mas o governo e a indústria sabem que para se elevar mais os níveis de vendas é preciso melhorar o cenário de crédito. E para melhorá-lo, são necessárias medidas estruturais, e tempo. E quando algo envolve tempo, não resta outra alternativa senão esperar.