Ministro da Indústria do país diz que estado cogita comprar ações do quarto maior grupo automotivo do mundo
Não é só no Brasil que governantes e autoridades adoram dar com a língua nos dentes. Na Itália, o ministro da indústria, Adolfo Urso, abriu o jogo: o governo do país pode investir diretamente na Stellantis.
A declaração foi dada nesta quinta-feira, 1, durante o anúncio do plano federal de conceder € 950 milhões em subsídios para consumidores adquirirem veículos eletrificados. O ministro da Indústria Adolfo Urso afirmou que o Governo da Itália estaria aberto a investir na compra de ações da Stellantis.
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O titular da pasta afirmou que o quarto maior grupo automotivo do mundo se comprometeu em aumentar a produção de automóveis e comerciais leves na Itália. A meta da Stellantis, segundo Urso, é voltar ao volume de 1 milhão de veículos/ano, número atingido pela última vez em 2017 – em 2023, foram 750 mil unidades.
No entusiasmo, o ministro cogitou a possibilidade de o Governo da Itália fazer o mesmo que a França, que detém 6% das ações da Stellantis. Ou seja: adquirir participação acionária na montadora dona de marcas como Fiat, Peugeot, Citroën e Jeep.
Investir na Stellantis soa como ataque político na Itália
A declaração também é vista como uma picuinha política. Na última semana de janeiro, a primeira-ministra italiana Giorgia Meloni declarou que a Stellantis, por vezes, “agiu contra os interesses nacionais”.
Adolfo Urso é de um partido de oposição à premier. O ministro até já havia solicitado à Cassa Depositi e Prestiti (CDP) – uma espécie de BNDES italiano – que comprasse uma participação na Stellantis.
Segundo a mídia europeia, a Stellantis não quis comentar o caso. Em junho de 2023, o presidente da fabricante, John Elkann (que também é diretor executivo da Exor, holding da família Agnelli, principal acionista da montadora) disse que a empresa “não precisava adicionar o Estado italiano aos seus acionistas”.
Em comunicado, a Stellantis afirmou, contudo, que a meta de 1 milhão de veículos produzidos na Itália depende de vários fatores. Entre eles, os incentivos fiscais do governo e uma infraestrutura de recarga de carros elétricos.