Negociação dá o sinal verde para a chinesa BYD anunciar produção de elétricos na unidade
Está mais perto do fim uma das maiores novelas da história do setor automotivo brasileiro, que não é outra senão o destino da fábrica de Camaçari (BA) na qual operava a Ford. Na tarde de sexta-feira, 11, a montadora se manifestou oficialmente pela primeira vez sobre o assunto, informando, via comunicado, que reverteu a unidade para o governo do estado da Bahia.
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Reverteu, e não vendeu, porque a fábrica surgiu de um acordo firmado no início dos anos 2000 que tratava, dentre outras coisas, do fornecimento do terreno e das instalações prediais por parte do governo da Bahia. À montadora, por sua vez, caberia o papel de equipar o espaço com as linhas de produção veicular.
Isso não quer dizer que a Ford sairá de graça do espaço onde manteve a produção de modelos icônicos, como o proto-SUV EcoSport, fruto do projeto Amazon. O comunicado divulgado pela montadora diz que o processo de reversão “prevê posterior indenização para a empresa em valores compatíveis com o mercado”. A Ford fez melhorias no local ao longo dos anos, e quer ser ressarcida por isso.
Uma vez nas mãos do governo da Bahia, fica mais claro o destino da fábrica, e aqui chegamos ao que poderá ser o último capítulo da novela Camaçari. Já é de conhecimento de todos que o governo baiano tem na gaveta um memorando de intenções assinado pela BYD, montadora de origem chinesa que pretende manter uma produção de veículos e baterias na região.
Tudo indica que essa produção será feita na unidade ex-Ford, algo que, no entanto, ainda não foi oficializado por nenhuma das partes envolvidas: a Bahia tem o memorando, a BYD confirmou a produção no estado. Falta, portanto, anunciar o local onde serão instaladas as linhas da montadora de elétricos.
“O acordo tem a finalidade de simplificar e agilizar o processo de transição de propriedade da fábrica, contribuindo para geração de valor ao Estado e à comunidade baiana”, seguiu a Ford em seu comunicado, dando sinal verde para que sua antiga casa seja utilizado por um outro nome da indústria local.
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A BYD está presente no Brasil desde 2015, quando inaugurou sua primeira fábrica de montagem de ônibus elétricos em Campinas (SP). Dois anos depois, a empresa abriu sua segunda fábrica, também em Campinas, para a produção de módulos fotovoltaicos.
Em 2020, a BYD inaugurou sua terceira fábrica no país, localizada no Polo Industrial de Manaus (PIM), para produzir baterias de fosfato de ferro-lítio para os ônibus elétricos. A comercialização de carros elétricos foi iniciada no mercado brasileiro em 2021.
Seu projeto para a Bahia envolve um investimento de R$ 3 bilhões na produção de automóveis híbridos e elétricos, além de caminhões e ônibus.
Segundo o cronograma da empresa, a produção no Brasil deverá começar no segundo semestre do ano que vem, com uma capacidade instalada de 150 mil unidades/ano.
Em evento realizado em Salvador (BA) na primeira semana de julho, a BYD apresentou alguns modelos: o furgão et3, Han, D1, Song Plus, Yuan, Tan e o recém-lançado Dolphin.
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Destes, os grandes favoritos para dar o pontapé inicial à produção de automóveis eletrificados da montadora no país são justamente o Dolphin e o SUV híbrido Song Plus. O Seagull, compacto urbano 100% elétrico, é outro que tem potencial de nacionalização.