Ford E-Transit anda bem e é amiga do bolso, mesmo com preço salgado

Van elétrica custa mais de R$ 500 mil, mas baixo custo de manutenção compensa investimento

Vitor Matsubara

Vitor Matsubara

Van elétrica custa mais de R$ 500 mil, mas baixo custo de manutenção compensa investimento

Imagem de Destaque

Dirigir uma van elétrica é uma experiência diferente até para quem já está acostumado com carros elétricos. A sensação de conduzir um veículo tão grande sem o característico som do motor a diesel é semelhante a assistir a um filme mal dublado, como se algo estivesse errado.


VEJA MAIS

– Ford terá carros elétricos baratos para encarar ‘ameaça colossal’ das chinesas

– Ford projeta vendas maiores em 2024 na esteira de mais lançamentos


Felizmente essa sensação passa logo nos primeiros metros. Além da paz de espírito causada pela condução silenciosa, o torque imediato faz toda a diferença para realizar ultrapassagens e retomadas de velocidade.

Essa foi a experiência que tive durante o breve test-drive realizado com a Ford E-Transit. A van elétrica está à venda desde o final de 2022, mas só agora a fabricante a disponibilizou para avaliação na “vida real”, ou seja, em um cenário no qual o veículo será utilizado pelas empresas.

Algumas delas já incorporaram a E-Transit em suas frotas. A Ford revelou que entregará 300 unidades para uma empresa de comércio eletrônico, das quais 100 delas já estão em solo brasileiro. As demais devem aportar por aqui em breve. Vale lembrar que a E-Transit é fabricada na Europa, ao contrário da versão a combustão do furgão que é produzida no Uruguai.

Isso ajuda a elevar o custo do produto, que vai de R$ 542 mil para a versão furgão de 3,5 toneladas a R$ 562 mil no caso da Transit Chassi de 4,2 toneladas. O prazo de entrega também não é tão curto, uma vez que a produção europeia precisa abastecer o mundo inteiro.

Programa piloto apontou demanda por versão Chassi

A Ford realizou um programa piloto com algumas empresas, que tiveram a oportunidade de guiar a E-Transit como se estivessem utilizando o veículo em suas rotinas.

“Nós trabalhamos com 10 empresas de médio e grande portes. Foram 11 veículos rodando simultaneamente no Brasil, Argentina e Chile”, contou Guillermo Lastra, diretor de operações de veículos comerciais da Ford.

Estima-se que mais de 60 mil quilômetros foram rodados. A partir dessa iniciativa surgiram informações valiosas para a montadora, inclusive a demanda pela versão Chassi, que estreia justamente neste mês.

Veículos podem ser transformados sem perda da garantia

Independente da carroceria (Furgão ou Chassi), a Ford disponibiliza um programa de transformação chamado Ford Converter. Por meio dele, o cliente pode realizar alterações no veículo conforme sua necessidade.

Todas as empresas transformadoras são homologadas pela Ford, que supervisiona e autoriza as mudanças realizadas no projeto original. A intenção é garantir que os serviços sejam realizados de forma segura e sem invalidar a garantia de fábrica.

Van elétrica é agradável de guiar

Apesar do trajeto curto, consegui experimentar a E-Transit em cenários nos quais o motorista vai encarar diariamente. Ou seja, um pouco de trânsito em ruas e avenidas de todos os tipos, além de garagens com pouco espaço disponível. 

A van elétrica se saiu bem em todos eles. Com uma condução suave, ela agrada quem precisa passar várias horas a fio atrás do volante ou dentro da cabine ajudando nas entregas. 

O motor elétrico entrega 198 kW (ou 269 cv) e 43,9 kgfm de torque disponíveis instantaneamente no eixo traseiro. Essa construção proporciona maior estabilidade e força para um veículo comercial, uma vez que a tração traseira pode ser uma importante aliada para impulsionar o furgão carregado.

É importante lembrar a Ford optou por realizar o test-drive com o baú vazio. A autonomia da E-Transit é de 317 quilômetros segundo o ciclo WLTP comumente utilizado na Europa.

No entanto, o alcance de acordo com o ciclo PBEV (adotado como padrão no Brasil) é estimado em 200 quilômetros. Talvez por isso é que a fabricante prefira fornecer uma estimativa na casa dos 250 quilômetros “na vida real”.

A bateria de íon-lítio de 68 kWh pode obter 80% da carga total em apenas 34 minutos de recarga em uma estação rápida de 115 kW. Caso a recarga seja realizada em um recarregador de 11,5 kW, o tempo sobe para oito horas.

Custo de manutenção é diferencial

Como mencionei no título, a van elétrica da Ford não é nada barata. Mesmo assim, ela pode ser um ótimo negócio para frotistas. Isso porque o baixo custo de manutenção faz o investimento valer a pena – ao menos a longo prazo.

Segundo a marca, o custo de operação chega a ser 40% menor, sendo que a quantidade de peças de desgaste é até 86% menor em relação a um furgão movido a combustão.

Considerando que o frotista também vai economizar com combustível, o saldo acaba sendo positivo, desde que o furgão permaneça em serviço por um prazo maior.