Sócio da Deloitte destaca que o impacto da tecnologia vai muito além dos portões das fábricas
O avanço da indústria 4.0 vai muito além dos limites das fábricas. A produção conectada, o uso de inteligência artificial e de tecnologia avançada de análise de dados tem potencial para mudar não só o modo de produção, mas a relação entre grandes empresas e seus fornecedores e consumidores. Esta é a opinião de Ronaldo Fragoso, sócio-líder da Deloitte, que participou do evento O Futuro do Consumo promovido pela Proteste com o apoio da Uber na quinta-feira, 22.
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“Quando falamos de revolução industrial as pessoas pensam que só tem a ver com o aumento do número de robôs dentro das fábricas. O impacto será muito maior. Empresas precisarão transformar completamente modelos de negócio, a dinâmica de trabalho com suas equipes e a relação com os clientes”, diz.
Segundo ele, A produção conectada e o amplo acesso a dados dos consumidores permitirá que as companhias ofereçam customização em massa e ganhem eficiência logística. Uma loja, por exemplo, não precisa formar tanto estoque se for capaz de identificar a preferência e a frequência com que os clientes compram determinados produtos.
O trabalho também muda, com menos funções operacionais e dinâmica mais flexível. “Em poucos anos será comum ver profissionais trabalhando por projeto para três empresas ao mesmo tempo no lugar de permanecerem sempre no mesmo lugar”, diz Fragoso. Para ele, um dos grandes desafios desta mudança é que o cliente fica mais exigente. “A empresa precisa ter velocidade e capacidade de resposta.”
AVANÇO RÁPIDO NO BRASIL
“O Brasil levou mais tempo para começar, mas está entrando na quarta revolução industrial mais rápido do que se esperava”, avalia o consultor. Como prova, o especialista destaca dados apurados por estudo sobre o impacto da indústria 4.0 feito pela consultoria em 19 países com 1,6 mil empresas – 100 delas no Brasil. Dos entrevistados localmente, 44% acreditam que nos próximos cinco anos serão criados produtos e serviços que mudarão a estratégia de negócio. Um índice superior ao identificado globalmente, observa.
Apenas um terço dos executivos brasileiros que participaram do levantamento disseram se sentir preparados para mudanças. “Isso é interessante porque mostra que há consciência de que a dimensão da transformação será muito grande”, destaca.