Companhia trabalha para reduzir custo da bateria e tornar tecnologia mais acessível mesmo sem incentivos
A Renault planeja ampliar no Brasil a gama de carros eletrificados a partir de 2025. Segundo Bruno Vanel, vice-presidente global de performance de produto da Renault, o plano é seguir com o desenvolvimento que a companhia começou localmente há alguns anos ao começar a vender o Zoe e a versão elétrica do Kangoo. Na quinta-feira, 27, o executivo falou a respeito em coletiva de imprensa on-line.
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O primeiro passo da empreitada para ampliar a eletrificação será dado ainda neste ano, com o lançamento do Kwid E-Tech, versão a bateria do compacto que promete estar entre os modelos com a tecnologia mais acessíveis do Brasil – ainda que, no mundo dos carros elétricos, isso represente preço de pelo menos R$ 160 mil.
“O Kwid E-Tech será introduzido logo no mercado brasileiro, onde já temos 500 veículos elétricos da Renault em circulação. Queremos continuar essa história”, disse Vanel, referindo-se aos carros com a tecnologia já vendidos na região, principalmente para empresas interessadas em reduzir as emissões de CO2 de suas frotas. Ainda que a montadora não confirme, é esperado que o Mégane E-tech também desembarque no Brasil este ano.
Segundo Vanel, ainda que em ritmo mais lento, o Brasil deverá acompanhar os planos de eletrificação globais da marca, que pretende só vender modelos eletrificados na Europa a partir de 2030.
“Queremos ampliar a gama de elétricos localmente. Ainda assim, para que esses carros deixem de ficar restritos a algumas frotas e cidades, vamos depender da infraestrutura de recarga e de incentivos ao desenvolvimento desse mercado”, observa o vice-presidente.
Novas plataformas e baterias para reduzir custos
Globalmente, a estratégia de eletrificação segue em ritmo acelerado. Até 2025 a Renault terá 14 modelos da gama E-Tech à venda na Europa. O foco está na oferta de compactos do segmento C, que responde por 39% das vendas do continente.
Toda a oferta será concentrada em duas plataformas dedicadas a carros eletrificados, a CMF-EV e a CMF-BEF, ambas compartilhadass com a Nissan e com a Mitsubishi para garantir ganho de escala e redução de custos. Além disso, a empresa contará com dois modelos de bateria, como conta Philippe Brunet, vice-presidente de powertrain e engenharia para carros elétricos da aliança Renault-Nissan-Mitsubishi, que acaba de anunciar investimento de € 23 bilhões em eletrificação:
“A principal fragilidade dos carros elétricos é o custo da bateria. É nisso que estamos focando para alcançar competitividade com a nossa próxima geração de elétricos”, aponta Brunet.
O executivo calcula que, nos 10 anos de experiência da Renault com a veículos eletrificados, foi possível dobrar a capacidade de armazenamento de energia das baterias. A meta é fazer um salto equivalente até 2030. “Teremos grande evolução na química do componente, com redução de uso de alguns elementos e até a eliminação da necessidade de cobalto, por exemplo”, diz.
Segundo Brunet, até o fim da década será possível comprar um utilitário esportivo zero emissão na Europa com preço competitivo mesmo sem incentivos do governo. Resta saber como a empresa fará essa mágica acontecer também no Brasil.