Compromisso da liderança ainda é desafio para elevar a diversidade no setor automotivo

Fórum AB Diversidade mostra que engajar gestores na melhora da inclusão das empresas é um dos obstáculos para elevar resultados

Ana Paula Machado

Ana Paula Machado

Fórum AB Diversidade mostra que engajar gestores na melhora da inclusão das empresas é um dos obstáculos para elevar resultados

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Ter mais diversidade nas empresas do setor automotivo ainda é um desafio e um dos principais obstáculos para isso é engajar as lideranças no tema. Durante o painel “Os caminhos para acelerar a representatividade”, na sexta edição do Fórum AB Diversidade no Setor Automotivo, a conclusão foi que as ações para fomentar a inclusão só geram resultados quando as pessoas que comandam a companhia estão envolvidas no tema.

“Eles são os agentes de disseminação de diversidade nas empresas. Para se ter uma ideia, hoje 32% da linha de produção já são de mulheres e ainda existe uma inabilidade para lidar com o universo feminino dentro do chão de fábrica. E engajar rapidamente todos nessa discussão é um desafio”, disse Jeanette Jacinto, diretora de recursos humanos da DAF Brasil.


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A Renault do Brasil, por exemplo, estabeleceu metas para aumentar a presença feminina dentro da organização. Segundo Isis Silva, gerente de talent menagement da montadora, a companhia criou objetivos de recrutamento e equidade no processo de seleção.

“O nosso CEO fala que a diversidade já não é uma escolha. E qual a forma de furar as bolhas? Uma delas é o programa de Aliados, em que, neste primeiro momento, convocamos os homens para que entendam as questões de empoderamento feminino e, com isso, a gente consiga criar esse pipeline para que tenhamos lideranças femininas”, afirmou Silva.

Escutar funcionários para fomentar a diversidade

Para Amanda Barbosa, líder de diversidade, engajamento e inclusão da Stellantis, além de engajar os líderes para a questão da diversidade é importante ter um “movimento de escuta” dentro das organizações.

“Quando a fábrica da Fiat foi criada em 1976, não existiam mulheres no chão de fábrica e, por isso, não tínhamos banheiros femininos na linha de produção. Hoje, temos mais mulheres do que homens. Outra coisa, foi a questão dos uniformes, que hoje são claros e, nos banheiros, havia um telefone para caso ocorresse algum acidente a funcionária pedisse uma outra calça. Agora, vamos trocar os uniformes globais para uma calça escura. Por isso é importante esse movimento de escuta”, ressaltou Barbosa.

A Mercedes-Benz também tem esse conceito de ouvir as necessidades dos funcionários. Segundo Elieneide Castro, gerente de RH e coordenadora de diversidade da companhia, foi criado um conselho mundial de diversidade com diferentes gêneros, etnias e idades e, com base nestas discussões, a montadora vai traçar as metas de diversidade.

“Estamos trazendo a representatividade das lideranças para poder cascatear isso para os outros níveis da organização. O board entendeu que se precisa de ajuda para estabelecer uma cultura de diversidade dentro da companhia, por isso, esse conselho mundial de diversidade”, ressaltou Castro.