Para executivos da indústria, empresas devem ter ações efetivas de desenvolvimento e retenção de profissionais
A presença de talentos negros nas empresas do setor automotivo ainda é incipiente. Pesquisa AB Diversidade aponta que 17% das lideranças são negras ou pardas nas empresas automotivas. E como potencializar esses talentos?
Durante o Fórum AB Diversidade, promovido pela Automotive Business, algumas lideranças negras falaram das experiências e o que fizeram para conquistar cargos executivos em empresas do setor automotivo.
Georgina Santos, head of Human Resources & Administrative Services do Banco Mercedes, disse que durante sua vida profissional sempre teve de se esforçar mais para alcançar posições de destaque do que colegas brancos.
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“Eu tenho que fazer um mea culpa, porque acreditava na meritocracia. Mas, ao longo do tempo, compreendi que sempre tive que provar a competência muito mais do que profissionais brancos. Eu demorei mais para exercer cargos de liderança do que os meus colegas de faculdade. Sempre tive que fazer mais para ser comparada ao nível dos outros”, disse Santos.
Segundo ela, o Banco Mercedes tem metas para inclusão de mais mulheres na liderança dentro da organização, mas “não há para negros”. “Hoje, 7% dos nossos funcionários são pretos e 14% são pardos. Precisamos focar e implementar políticas para incentivar essas pessoas a buscarem cargos de liderança”, ressaltou a executiva.
Ações efetivas para garantir a inclusão
Para Adriana Quintas, head de diversidade, equidade e inclusão da General Motors para América do Sul, é necessário que as empresas tenham ações efetivas e garantir um ambiente incluso dentro da organização.
“Temos que ter políticas para promover o desenvolvimento desses profissionais e, além disso, para reter essas pessoas nas empresas”, disse a executiva.
Rafael Cristelo, head Americas da K Line, uma das maiores empresas de cabotagem do mundo e responsável pelo transporte marítimo das montadoras, disse que para potencializar os talentos negros nas organizações é preciso que as lideranças sejam comprometidas com o tema.
“Temos que fazer um trabalho de conscientização dentro das empresas. Mostrar aos funcionários negros que sim, somos capazes de estar em cargos de lideranças. Hoje o racismo se normalizou no Brasil”, disse Cristelo.
Fernanda Ramos, diretora de RH da Ford América do Sul, afirmou que as companhias têm que mudar o processo de contratação e selecionar as pessoas pelas suas potencialidades.
“A diversidade deve ser uma jornada e tem que fazer parte da cultura das organizações. O ambiente tem que ser incluso para todos e todos têm que perceber isso”, afirmou a executiva.