Como o 1º caminhão elétrico nacional pode mudar a vida dos trabalhadores

VW e-Delivery é fácil de manobrar e tem baixo custo de uso; ausência de barulho pode ser bom para motorista e comerciantes

Vitor Matsubara

Vitor Matsubara

VW e-Delivery é fácil de manobrar e tem baixo custo de uso; ausência de barulho pode ser bom para motorista e comerciantes

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Dirigir um carro elétrico já não é novidade para algumas pessoas. A ausência de som é a diferença mais óbvia, além do torque instantâneo (que garante boas doses de diversão) e a necessidade de planejar suas viagens para não ficar sem carga nas baterias. 

Todas essas características também estão presentes no Volkswagen e-Delivery. Só que o primeiro caminhão elétrico produzido no Brasil pode marcar o começo de uma nova fase no mercado de veículos comerciais leves. E não só para as fabricantes: os trabalhadores também podem se beneficiar disso.


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A principal vantagem de ter um caminhão elétrico em sua frota está no bolso. Embora custe até três vezes mais do que um veículo movido a diesel (os preços vão de R$ 800 mil a R$ 1 milhão), o e-Delivery se paga em cinco anos de uso, segundo a Volkswagen Caminhões e Ônibus. Com isso, o retorno sobre o investimento se torna atraente em caso de frotas mais numerosas.

Sem emissão de CO2

Foi também por isso que empresas como a Ambev decidiram adquirir unidades do modelo. Esse, porém, não foi o único motivo: os gastos com combustível são substituídos por custo com energia. Durante a fase de testes, que contou com a assistência da própria Ambev, a VW estima que mais de 34 toneladas de CO2 deixaram de ser emitidas em mais de 45 mil quilômetros rodados. Além disso, mais de 10 mil litros de diesel não foram gastos nessa maratona.

Outra grande vantagem está na possibilidade de abastecer o comércio 24 horas por dia. O caminhão elétrico pode trafegar normalmente em bairros mais residenciais sem incomodar os moradores por conta do barulho do motor em funcionamento, especialmente depois das 22h.

Assim, o dono de um estabelecimento pode receber seus produtos tão logo fechar o comércio, sem a necessidade de estar presente em horários pouco usuais para receber a carga.

Futuramente, caso as cidades brasileiras adotem medidas de restrição de circulação de veículos nos centros urbanos, os elétricos serão os maiores beneficiados. Isso já ocorre em alguns países da Europa, onde apenas os veículos movidos a eletricidade podem rodar nas áreas com maior concentração de pessoas.

E como anda?

Nosso primeiro teste com o e-Delivery se limitou a um breve contato em uma pista montada em local fechado.

Entretanto, foi possível constatar algumas das melhores virtudes do modelo. O funcionamento silencioso causa estranhamento no primeiro momento, uma vez que estamos acostumados ao som típico dos motores a diesel invadindo (até demais) a cabine. Outra comodidade bem recebida pelo motorista está no câmbio automático com apenas uma marcha à frente, dispensando constantes trocas de marcha no trânsito.

Um dos executivos da VW, aliás, revelou a satisfação de um dos motoristas escolhidos para participar dos testes com os protótipos do e-Delivery. “Ele não cansava de falar de como era bom dirigir um caminhão silencioso e sem precisar trocar as marchas”, contou.

O motor elétrico de 300 kW (aproximadamente 408 cv) e torque instantâneo de 219,2 kgfm. Os números são espantosos, ainda mais considerando que o Delivery movido a diesel chega a 150 cv e torque máximo de 36,7 kgfm proporcionados pelo motor 2.8 turbodiesel da Cummins.

As arrancadas são bem vigorosas para um veículo comercial, embora não impressione tanto quanto em um automóvel de passeio. Algo normal se lembrarmos que o e-Delivery é um caminhão.

No geral, a experiência de conduzir o caminhão lembra muito a de dirigir uma picape média como uma Ford Ranger, por exemplo. As manobras são realizadas com muita facilidade graças à direção com assistência elétrica, que é bastante leve e ágil.

Os espelhos retrovisores também facilitam bastante a visibilidade, mas nem é preciso tanto cuidado para passar em locais mais apertados. Isso porque o e-Delivery não é tão largo (nem longo) como caminhões maiores.

Ele tem 6,30 metros de comprimento e 2,03 metros de largura, sem contar os retrovisores. Para efeito de comparação, uma picape como a Amarok possui 5,25 metros de comprimento e 1,94 metro de largura.

O e-Delivery está à venda em duas versões com 11 e 14 toneladas de peso bruto total. Há opção de três ou seis packs de baterias, sendo que, no segundo caso, a autonomia chega a até 250 quilômetros. Na configuração com três packs, o motorista poderá rodar pouco mais de 110 quilômetros antes de recarregar.

Rede de parceiros para ajudar na eletrificação

Para assistir os clientes interessados no caminhão, a VWCO montou uma rede com parceiros como a ABB, que é uma das especialistas em pontos de recarga para veículos elétricos no país.

A intenção é prestar consultoria na infraestrutura para eletrificação. Na prática, isso significa auxílio desde a especificação dos carregadores testados e aprovados pela montadora até a integração com fontes renováveis de energia, podendo tornar a frota do cliente 100% alimentada por energia limpa.