Como a Renault quer fazer da Ampere uma gigante do mercado de elétricos

Divisão de EVs e software do grupo francê revela metas ambiciosas de receitas e de participação de mercado

Redacao AB

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Divisão de EVs e software do grupo francê revela metas ambiciosas de receitas e de participação de mercado

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A Renault deu o primeiro passo de fato para se tornar a tal autotech que muitas montadoras alardeiam. O grupo francês concluiu a criação da Ampere, sua divisão não só de carros elétricos, mas também de soluções digitais automotivas, que tem metas ambiciosas.

A Ampere faz parte do plano Renaulution, anunciado em 2021. O novo braço da fabricante se apresenta como uma empresa que vai comercializar veículos 100% elétricos e softwares na Europa sob a marca da Renault.


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Na estratégia de crescimento, a companhia fala em uma meta de cerca de 1 milhão de veículos em 2031. A empresa vislumbra um market share de mais de 10% do mercado de veículos elétricos até lá. 

Ampere trará novos modelos e lucratividade

Antes disso, a Ampere espera atingir faturamento superior a € 10 bilhões em 2025 com quatro modelos. Em 2031, o objetivo é ultrapassar os € 25 bilhões com um portfólio de sete veículos, o que significaria uma taxa de crescimento anual superior a 30% em oito anos.

Os objetivos financeiros ainda preveem que a nova empresa atinja ponto de equilíbrio já em 2025, com receitas capazes de cobrir os custos operacionais. Além disso, a expectativa é de margem superior a 10% a partir de 2030 e de mais de 80% em 2031.

Com essas metas agressivas, a Renault vai ter de se virar para alcançar os resultados. Para tal, se vale da estrutura do grupo automotivo, bem como de um plano bem detalhado para alcançar tais objetivos.

Estrutura para garantir mercado de elétricos

A Ampere já se vale de uma base da montadora e da aliança global que a Renault tem com a Nissan e a Mitsubishi. São duas plataformas já prontas para a produção de carros elétricos: a CMF-B EV, para compactos, e a CMF-EV, para médios.

Ao mesmo tempo, a divisão de EVs começa com 11 mil funcionários. Segundo a companhia, 35% deste quadro é composto por engenheiros. 

Dentro da estratégia, tem ainda a ElectriCity. Segundo a Renault, será um ecossistema industrial que integrará quatro fábricas francesas. As de Douai e Maubeuge produzirão os carros elétricos, a de Ruitz ficará responsável pelas baterias e componentes e a unidade de Cléon pelos motores.

Linha de produtos e rede da Ampere

Serão sete veículos elétricos até 2031 para tentar chegar aos dois dígitos de participação. Isso em uma rede de 4.700 concessionárias do Grupo Renault, mas estão nos planos uma futura plataforma de vendas 100% online.

Alguns dos carros que fazem parte dos planos da Ampere já são conhecidos. Como o Mégane E-Tech, recentemente lançado no Brasil, e os novos Renault 4, Renault 5 e Scenic E-Tech.

Tem também o “Legend”, apresentado na última quarta, 15. Que nada mais é que uma nova geração do icônico Twingo totalmente elétrica e com preço inicial de € 20 mil – isso sem os subsídios. 

Pelas contas da divisão financeira da Renault, o futuro subcompacto zero combustão poderá sair por menos de € 100 mensais pelos planos de financiamento da empresa.

Corte de custos e IPO para 2024

Os preços agressivos para conquistar mercado serão alcançados com a redução de custos na produção, planeja a Renault. A Ampere aposta em uma paridade de preços entre seus veículos elétricos e os puramente a combustão antes do fim da década.

Para tal, o roadmap prevê redução de custos de 40% até 2027/2028, entre a primeira e segunda gerações dos veículos médios. Neste panorama, a empresa estima em corte pela metade dos custos nas baterias, e de 25% tanto nos motores elétrico como nas plataformas, além de corte de 50% nas despesas com produção e logística.

A Ampere já reúne investimentos de € 800 milhões da Nissan e da Mitsubishi, e está em negociação um aporte da Qualcomm. Além disso, há uma meta de IPO para o primeiro semestre de 2024.