Porto Alegre, a área mais afetada pelo desastre climático, respondeu por 9% das vendas totais do país até abril
As chuvas que assolaram cidades no Rio Grande do Sul nos últimos dias promoveu paradas de produção em algumas fábricas instaladas na região. A situação, no entanto, parece estar controlada pelas montadoras e autopeças, que garantem a produção de componentes e veículos. Por outro lado, a questão logística do escoamento preocupa.
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Tanto para a Anfavea, a associação que representa as montadoras, quanto para o Sindipeças, do setor de componentes, o escoamento da produção dessas empresas instaladas no RS, as quais atendem demandas de outros estados e até do exterior, é o que realmente preocupa por representar algo imprevisível no momento.
“Vivemos uma questão a respeito da logística. As rotas do sul do país são extremamente importantes para o setor automotivo”, disse Marcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, na quarta-feira, 8. “Existe a possibilidade de queda nas vendas por causa do cenário. Estamos com a luz amarela acesa, mas trabalhando para reduzir os riscos.”
“Não temos a certeza de que os suprimentos vão chegar às montadoras”, complementou Claudio Sahad, presidente do Sindipeças, em transmissão online ao lado do presidente da Anfavea. Ambos seguem na China após participação das entidades que representam no salão de Pequim.
A respeito da produção de veículos, faz sentido a afirmação de que o ritmo nas linhas será mantido mesmo com as chuvas. Isso porque Gravataí e a região da Serra Gaúcha, onde estão instaladas as montadoras com operação no estado gaúcho, não foram afetadas de forma significativa.
Produção de peças em Porto Alegre preocupa
A produção de peças, por outro lado, poderá sim ser afetada porque parte considerável das fabricantes do estado estão instaladas justamente na área mais afetada pelas enchentes, no caso, a capital Porto Alegre. Segundo o Sindipeças, há um número importante de associadas na região, as quais foram responsáveis por 12% do faturamento do setor em 2023.
Também é esperado um impacto negativo no resultado das vendas de veículos em maio. A Anfavea calcula que os emplacamentos em Porto Alegre giraram em torno de 38 mil unidades no quadrimestre, ou 9% do total de vendas no período. Com as concessionárias submersas nas águas do Guaíba e afluentes, o quadro comercial se complica.
O fato é que os números do setor não devem passar ilesos em função dessa crise humanitária no sul do país, e as montadoras sabem disso. Tanto que reconhecem que o cenário poderá afetar as projeções de vendas para o ano, por exemplo.