Executivos da montadora de origem chinesa afirmam que tais incentivos tornam veículos eletrificados mais acessíveis e facilitam o desenvolvimento de novas tecnologias no país
Além de repetir, tal qual um mantra, que pretende transformar a região de Camaçari (BA) em um “Vale do Silício brasileiro”, a BYD também afirmou que seguirá investindo no Brasil. Isso, porém, com um condicionante: desde que incentivos fiscais lhe sejam garantidos.
A montadora insistiu no discurso durante a inauguração da pedra fundamental do seu complexo localizado na Bahia — que ocorreu na última segunda-feira, 9. Stella Li, por exemplo, aproveitou a ocasião para exaltar os esforços que vêm sendo feitos para que a fabricante obtenha incentivos fiscais. Contudo, a vice-presidente global e CEO da BYD para as Américas também deixou claro que estes são “fundamentais” para a companhia.
“A BYD não veio apenas para investir, mas para fomentar a inovação. Por isso, de forma a fazer com o que o mercado cresça e que tenhamos o desenvolvimento de novas tecnologias, precisamos de incentivos”, comentou a executiva. “Embora seja essencial para nós e para o mercado, no fim das contas, o maior beneficiário é o Brasil”, completou.
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“Qualquer tipo de programa que ajude a fomentar o desenvolvimento regional e gere empregos é positivo. Atrai mais investimentos não só da BYD, mas também de outras empresas”, reforçou Alexandre Baldy, conselheiro da montadora de origem chinesa.
Já Wang Chuanfu, CEO global da empresa, afirmou que, “neste momento, está muito grato pelo apoio e pela parceria com o Brasil”. Além disso, garantiu que a visão da BYD de “um mundo mais limpo, sustentável, vai de encontro às ideias dos brasileiros” e que, por isso, a companhia se compromete a contribuir para o crescimento do país.
Governo se movimenta para garantir incentivos fiscais à BYD
“Precisamos criar um ambiente propício para que a BYD tenha segurança para investir seus recursos privados. Por isso, a gente traz, com esse anúncio um conjunto de expectativas e realidades”, destacou Jerônimo Rodrigues (PT), governador da Bahia.
Rodrigues, aliás, aproveitou o ato simbólico realizado na segunda-feira, 9, para assinar projeto que prevê a isenção de IPVA para veículos elétricos até R$ 300 mil. Modelos acima dos R$ 300 mil também serão beneficiados, com alíquota de 2,5% do imposto. O PL agora segue para apreciação da Assembleia Legislativa, que não deve impor quaisquer dificuldades. Até porque a proposta já fazia parte do acordo entre Bahia e BYD.
Além disso, o senador Otto Alencar (PSD) garantiu que a emenda de sua autoria, que prorroga o regime automotivo do nordeste até 2032, “está nas mãos de Eduardo Braga”. Braga (MDB) é o relator da PEC da reforma tributária.
Alencar, senador pelo estado da Bahia, disse ainda estar convicto de que o tema será aprovado no Congresso. A emenda seria extremamente benéfica para a BYD, bem como para outras montadoras instaladas no Nordeste do país.
O tópico é motivo de polêmica e divide opiniões. Fabricantes das regiões Sul e Sudeste, por exemplo, não enxergam com bons olhos o regime automotivo especial. Apregoam, pedem por isonomia. Isso porque, além da BYD, a Stellantis, que tem unidade em Goiana (PE) também se vale dos incentivos e seria favorecida com tal prorrogação.
O Executivo, por sua vez, atua como espécie de conciliador. “O governo Lula é caracterizado pelo diálogo e pelo entendimento. O que nós ouvimos dos senadores da Bahia é que há um entendimento no Senado de que os incentivos sejam mantidos por mais um período”, comentou Geraldo Alckmin, vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
“Assim como nos foi passado pelo governo, acreditamos na renovação [dos incentivos]”, enfatizou Alexandre Baldy. O conselheiro da BYD voltou a repetir, contudo, que nenhum fator externo irá influenciar no já anunciado investimento de R$ 3 bilhões que a montadora fará no país. Todavia, admitiu que futuros aportes poderão ser impactados positivamente com a manutenção do regime automotivo do Nordeste.