Negociações entre Stellantis, Ford, General Motors e o sindicato dos trabalhadores não avançam às vésperas de contratos expirarem
O sindicato United Auto Workers (UAW), que representa os interesses dos trabalhadores da Stellantis, General Motors e Ford nos Estados Unidos, espera entrar em greve no fim desta semana em Detroit se nenhum acordo sobre novos contratos for firmado com as montadoras. Os contratos atuais dos funcionários expiram na próxima quinta-feira, 14.
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A potencial paralisação ocorreria no momento em que as fabricantes de automóveis de Detroit, tal como os seus homólogos globais, têm se concentrado em reduções de custos. Prática que, em alguns casos, incluem cortes de empregos para ajudar a acelerar a produção de veículos elétricos.
O UAW iniciou negociações com as fabricantes em julho, mas até a segunda-feira, 11, ainda não havia acordo acerca das exigência feitas pelos trabalhadores.
Durante as negociações, a Ford ofereceu aumento salarial de 10% até 2027. A GM, por sua vez, também seguiu com reajuste na folha, de 10%. A Stellantis ofereceu aumento de 14,5% ao longo de quatro anos.
O sindicato, no entanto, rejeitou todas as três ofertas. “Queremos um acordo. Estamos prontos para um acordo. Mas tem que ser um acordo que honre nossos sacrifícios e contribuições”, disse o presidente do UAW, Shawn Fain, em transmissão online realizada na primeira semana de setembro.
O pleito dos trabalhadores envolve basicamente a eliminação do atual sistema salarial, o qual reduziria em 25% os salários dos novos contratados na comparação com os veteranos. A entidade quer também que o nível salarial, assim como o de benefícios, sejam maiores do que os atuais, considerando os resultados financeiros apresentados pelas companhias.
O sindicato também defende que as metas de emissões dos Estados Unidos sejam mais brandas, uma vez que a produção de veículos elétricos provocará fortes cortes de pessoal nas montadoras e seus fornecedores.
Em nome da redução de custos para melhorar o ambiente de investimentos em torno da produção de automóveis elétricos, as montadoras de Detroit almejam reduzir os gastos com pessoal em suas fábricas – uma espécie de antídoto contra as montadoras chinesas, que produzem mais e a um custo menor do que as rivais norte-americanas.
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A caminho para isso, segundo as montadoras, seria diminuir a influência sindical nas fábricas. Segundo a Reuters, a Ford estima que seus custos trabalhistas nos EUA sejam de US$ 64 por hora, contra cerca de US$ 55 das montadoras estrangeiras.
Uma vez confirmada a greve, analistas ouvidos pela agência apontam para a possibilidade de descompassos nas linhas de produção e aumento dos preços dos veículos.