Até 2028, carro elétrico vai custar o mesmo que modelos térmicos no Brasil

Preço menor será um dos fatores que impulsionarão a tecnologia no país, que poderá se tornar polo de produção de baterias

Bruno de Oliveira

Bruno de Oliveira

Preço menor será um dos fatores que impulsionarão a tecnologia no país, que poderá se tornar polo de produção de baterias

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Em algum momento entre 2027 e 2028 os preços dos veículos elétricos e dos modelos equipados com motor a combustão serão equivalentes aqui no Brasil. É o que aponta estudo realizado pela consultoria Alvarez & Marsal. O valor dos carros eletrificados hoje é considerado um entrave à massificação da tecnologia no mercado, mas vai cair no futuro. Segundo o levantamento, o motivo para isso é uma estimada redução do custo de produção das baterias.

“Até lá, uma série de fatores deverão influenciar na diminuição do preço dos veículos. Um deles está ligado à evolução tecnológica do conjunto. As baterias serão menores e com maior poder de armazenamento, com os conjuntos formados por um menor volume de minerais do que as baterias atuais”, disse o consultor David Wong, que também lembra que o estudo se baseia nas condições econômicas atuais do país.

Produção local de baterias para carros elétricos

O levantamento projeta ainda um aumento da participação dos veículos equipados com pacotes de baterias  – sejam eles híbridos ou 100% elétricos – nos próximos anos. A estimativa é de que eles representarão 3% da frota em 2025 e 9% em 2030. Segundo Wong, o movimento será reflexo da diminuição dos preços e aceitação do mercado consumidor brasileiro.

O percentual de 9% no estudo configura um volume de cerca de 300 mil veículos no mix de vendas de 2030. Neste cenário, conclui o estudo, o Brasil teria um contingente suficiente para justificar a produção local de baterias.

“O país tem um diferencial competitivo na comparação com outros países produtores que é a proximidade das áreas de onde são extraídos os minerais necessários para se construir as baterias. Em vez de importar os minerais dos países vizinhos e agregar valor na Ásia, por exemplo, as empresas poderiam ter um custo logístico menor fazendo esta manufatura aqui”, explicou o consultor.

Para atender este mercado, no entanto, o estudo sugere que as empresas fornecedoras de baterias considerem investimentos em produção no curto prazo, uma vez que o tempo de maturação de uma linha de montagem do conjunto de baterias é considerado longo.

“Entendemos que esses investimentos poderiam ser escalonados, ou seja, evoluindo de acordo com o aumento gradual da demanda por baterias, tanto no fornecimento a montadoras, quanto na reposição. Pelos cálculos, um investimento em torno de US$ 600 milhões em linha de produção poderia atender a uma demanda de até 200 mil veículos por ano”, estima Wong, da Alvarez & Marsal.

O estudo também sugere que tais movimentos da indústria no sentido da produção local devem ser respaldados por políticas públicas. “É um caminho que passa por políticas, diz respeito ao caminho que os países querem trilhar no futuro da mobilidade, se pretendem desempenhar papel de protagonismo ou não”, concluiu Wong.