Assistências e comandos podem distrair o motorista

Estudo aponta que condutores usam automação parcial em seus veículos como se fossem totalmente autônomos, apesar dos avisos automáticos sobre a necessidade de retomar o controle de volante e pedais

Fernando Calmon

Fernando Calmon

Estudo aponta que condutores usam automação parcial em seus veículos como se fossem totalmente autônomos, apesar dos avisos automáticos sobre a necessidade de retomar o controle de volante e pedais

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Criado por decreto-lei federal nº 63.461 em 21 de outubro de 1968, o Dia do Motorista, celebrado em 25 de julho, tem origem na religião católica porque também é o Dia de São Cristóvão, protetor de motoristas e viajantes. Soluções modernas ajudam a evitar que o condutor se acidente e suas consequências.

Por isso a questão de segurança de trânsito é motivo de grande preocupação e pesquisas contínuas em todo o mundo. Estudos recentes chamam a atenção para duas tecnologias bastante úteis: automação veicular e comandos acessados por tela. Ambos oferecidos por vários fabricantes, mas precisam de atenções específicas.


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Nos EUA o Instituto das Seguradoras para Segurança em Estradas (IIHS, na sigla em inglês) apresentou um relatório apontando que muitos motoristas usam automação parcial (Nível 2,5, na escala até 5) em seus veículos como se fossem totalmente autônomos, apesar dos avisos automáticos sobre a necessidade de retomar o controle de volante e pedais.

A pesquisa estudou as soluções da Cadillac, Nissan e Tesla, além de entrevistar 600 proprietários (cerca de 200 de cada marca). Eles afirmaram que aproveitavam para comer e enviar mensagens de texto. De forma geral os sistemas não levam os motoristas a permanecerem engajados ou impedem desvios de atenção.

Estes assistentes já são oferecidos em vários modelos também no Brasil: controle de velocidade de cruzeiro adaptativo e centralização na faixa de rolagem. Nenhum dos sistemas atuais é projetado para substituir um motorista humano ou tirar seu foco da estrada. Testes de pista e colisões no mundo real forneceram evidências de potencialmente causar acidentes.


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Cerca de 40% dos usuários relataram que seus sistemas foram desligados em algum momento enquanto dirigiam e não eram reativados. Alguns desses motoristas confundiram a suspensão temporária do recurso com o procedimento de bloqueio. Porém, muitos falharam em responder aos avisos se estavam prestando atenção na estrada ou violaram repetidamente os parâmetros para acionar o bloqueio.

“Esses resultados de usuários frequentes de três sistemas diferentes de automação parcial mais uma vez mostram a necessidade de proteções robustas e multifacetadas”, disse Alexandra Mueller, cientista de pesquisa do IIHS e principal autora do estudo. “Muitos relataram experiências em que tiveram de assumir repentinamente a direção porque a automação executou algo inesperado. E, às vezes, enquanto estavam fazendo o que não deveriam, como comer ou ler mensagens pelo celular”, ela explica.

Embora uma parte dos motoristas que receberam lembretes de atenção tenha dito que os alertas eram um pouco irritantes, a grande maioria disse que os considerava úteis e os faziam sentir-se mais seguros usando a tecnologia, desde que o objetivo do recurso fosse explicado a eles com clareza na hora da compra.

“A ampla aceitação de lembretes de atenção e bloqueios do sistema sugere não apenas que reúnem o potencial de tornar mais seguro o uso da automação parcial, como também podem ser implementados para ajudar a combater a distração do motorista em geral”, concluiu Mueller.

Na Alemanha também há preocupações

Um outro estudo, dessa vez encomendado pela Associação da Seguradoras Alemãs, colocou atenção nas Interfaces Homem-Máquina (HMI, em inglês). O nome parece complicado, mas se trata das telas táteis que processam comandos de múltiplas funções como ajustes do ar-condicionado, modos de tração, sintonia e volume de som, mapas de navegação e vários outros. A tendência é digitalizar o máximo possível, inclusive pela facilidade de atualização dos softwares.

No entanto, não é possível usar o HMI sem desviar o olhar da estrada, ao contrário de alavancas e interruptores. Se os comandos estiverem embutidos no menu ou exigirem muitas mudanças como rolar a tela, o motorista terá de desviar o olhar do percurso por um tempo preocupantemente longo. Isso representa riscos potenciais para a segurança viária.

A distração e a desatenção são consideradas entre as principais causas de acidentes de trânsito. Atualmente não há regulamentos ou práticas que definam como projetar interfaces cada vez mais complexas que distraiam os motoristas o mínimo possível de suas tarefas de dirigir. Pesquisas e números de fora da Alemanha também apontam que se trata de um problema generalizado e implica maior possibilidade de acidentes.

Alguns fabricantes já detectaram como resolver em parte essa disfunção. Adicionaram um simplório botão para diminuir ou aumentar o volume de som do sistema multimídia. Quando várias funções estão embutidas na estrutura do menu e só podem ser acessadas através de numerosos passos intermediários, é preciso desviar os olhos da estrada por mais tempo. A simplificação também se recomenda quanto à execução das tarefas. Ações intuitivas, como ligar o limpador de para-brisa ou acionar indicadores de direção, devem continuar comandável apenas por controles físicos e diretos.

Todavia, o controle por voz pode contribuir significativamente para diminuir a distração. Para alcançar isso, no entanto, o sistema deve ser intuitivo e operável diretamente. Se forem propensos a erros e exigirem muitas correções ou repetições, esta solução pode revelar-se altamente perturbadora.

F-150 Lariat é enorme, mas boa de guiar

O preço, claro, está muito longe de convidativo – R$ 479.990. Porém, tem público certo entre os endinheirados do agronegócio. Trata-se de um mercado bem limitado, em torno de 10.000 unidades por ano, porém bastante rentável para os fabricantes. Chegou para dividir as atenções com a Ram Rebel que custa apenas R$ 10.000 a menos (2% de diferença). O estilo da versão de entrada Lariat da picape pesada da Ford é, digamos, mais esportivo com rodas e grade pintadas de preto. 

A lista de equipamentos impressiona como faróis de LED, seis airbags, quadro de instrumentos digital e sistema de áudio de alto padrão (Bang & Olufsen). Deslocar-se em ruas exige atenção e achar uma vaga para quase 6 metros de comprimento por mais de 2 de largura não é fácil (melhor rebater os retrovisores). Com quase 2 metros de altura não entra em qualquer garagem, mas dá para ir aos shoppings, embora possa invadir os limites demarcados para estacionar.

Chama mais atenção a posição de dirigir semelhante a picapes de porte médio. Há boa visibilidade e as suspensões são duras, embora menos do que se espera. Também exige cuidado adicional no trânsito urbano. O seu habitat é mesmo o uso no campo com sua tração 4×4 por demanda e em estradas (neste caso, imbatíveis 1.170 km de alcance com 136 litros no tanque). 

Para isso o motor V-8 (gasolina) de 405 cv e 56,7 kgf.m entrega alto desempenho, além da elasticidade que só um câmbio automático de 10 marchas proporciona. Acelera de 0 a 100 km/h em 7,1 s mesmo com seus 2.740 kg em ordem de marcha.

Nos EUA, a F-150 lidera há 46 anos o mercado de picapes.


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*Este texto traz a opinião do autor e não reflete, necessariamente, o posicionamento editorial de Automotive Business