Após demissões em três fábricas, funcionários da GM entram em greve

Montadora não informou número de demitidos. Sindicato estima corte de 30% do quadro em São José dos Campos

Bruno de Oliveira

Bruno de Oliveira

Montadora não informou número de demitidos. Sindicato estima corte de 30% do quadro em São José dos Campos

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A General Motors realizou demissões em suas três fábricas em São Paulo (São José dos Campos, São Caetano do Sul e Mogi das Cruzes) no sábado, 21, alegando ajustes em suas operações em decorrência de vendas baixas no Brasil e no exterior. Na segunda-feira, 23, em assembleia conjunta, os trabalhadores das unidades decidiram por entrar em greve por tempo indeterminado.

Os funcionários envolvidos no corte foram informados pelas empresa a respeito da demissão por meio de telegrama, entregue em suas casas via correio. A GM, em sua comunicação oficial, não informou o número de demitidos, e nem os sindicatos regionais, procurados pela reportagem da Automotive Business, souberam precisar o tamanho do corte realizado pela companhia em seus quadros.


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“Estimamos algo em torno de 25% e 30% do quadro de funcionários de São José dos Campos, mas não é um número oficial porque a montadora não nos informou. Vamos tentar acessar este dado nos próximos dias”, disse Renato Almeida, secretário-geral do sindicato de São José dos Campos e região.

Em comunicado, a GM disse que a medida foi tomada após várias tentativas de lay off  (que é a suspensão temporária do contrato de trabalho), férias coletivas, days off  (dias de folga) e proposta de desligamento voluntário, o chamado PDV.

Em São José dos Campos, onde são produzidos os modelos Chevrolet Trailblazer e S10, o quadro era formado por cerca de 4 mil trabalhadores, 1,2 mil deles em lay off desde junho. A unidade, da fato, passou por vários ajustes nos últimos meses, todos eles envolvendo parada das linhas de produção.

Já em São Caetano do Sul, onde são produzidos os modelos Chevrolet Tracker e a picape Montana, o fluxo de produção foi mais regular, na comparação com o cenário em São José. A operação em dois turnos na unidade seguia sem percalços mesmo nos momentos mais agudos da pandemia e da crise de semicondutores.

O mesmo se podia dizer da unidade de Mogi das Cruzes, que produz alguns componentes estampados que abastecem a linha de São Caetano do Sul.

Segundo dados do Renavam, os emplacamentos de veículos leves registrados pela fabricante somaram 194,5 mil unidades no acumulado do ano até setembro, resultado que representa alta de 6,5% ante o mesmo período em 2022. Já os emplacamentos de comerciais leves chegaram a 42 mil unidades até setembro, alta de 101% sobre a mesma base de comparação no ano passado. 

Não é de hoje que a montadora realiza cortes de custos e de pessoal na operação brasileira, ainda que tenha sido líder de mercado por anos seguidos. Em manobra mais recente, a empresa, então sob a gestão do ex-CEO Carlos Zarlenga, apresentou um plano de redução de custos para as suas unidades paulistas.

Chamou a atenção, neste episódio, que a montadora tenha insistido no plano de redução de quadro e custos mesmo após anúncio do programa estadual IncentivAuto, criado pelo governo de João Doria para estimular os investimentos das montadoras no estado — o qual caiu como uma luva para a GM, que à época ameaçava deixar o país caso não houvesse algum tipo de auxílio governamental.

Acontece que enxugar suas operações não é algo restrito apenas às fábricas brasileiras da montadora, mas também em outras localidades nos Estados Unidos, sua casa matriz. E a questão, inclusive, não é apenas algo caro à GM, mas a outras montadoras tradicionais que buscam recursos para custear a transição de suas fábricas para a produção de veículos elétricos.

“Entendemos o impacto que essa decisão pode provocar na vida das pessoas, mas a adequação é necessária e permitirá que a companhia mantenha a agilidade de suas operações, garantindo a sustentabilidade para o futuro”, informou a montadora por meio de nota.

A adequação, segundo o sindicato de São José dos Campos, quebra um acordo com a montadora firmou com a entidade no primeiro semestre, o qual garantia a estabilidade de emprego na unidade até maio do ano que vem. Uma vez quebrado o acordo, disse Renato Almeida, os representantes dos trabalhadores informaram que buscarão medidas legais que mantenham os termos do que foi acordado.