Presidente da companhia avalia que pacote de incentivos às montadoras teve efeito positivo, mas faltam medidas de longo prazo
A Nissan opera em dois turnos de produção na fábrica de Resende (RJ) desde abril de 2022. Apesar das oscilações do mercado — e dos humores econômicos –, a montadora garante que vai manter esse ritmo em 2023. “Estamos firmes”, disse Gonzalo Ibarzábal, presidente da companhia no Brasil, em evento que reuniu a imprensa feminina que cobre o setor automotivo.
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O executivo assegura que as duas jornadas de trabalho da unidade são adequadas à atual demanda do mercado brasileiro e também para atender o volume de exportações ao Paraguai e à Argentina, mercados que recebem o utilitário esportivo Kicks feito no complexo industrial fluminense.
Ele avalia, ainda, que o pacote de incentivos ao carro popular foi benéfico ao setor automotivo, mas que é preciso mais algum tempo para analisar se os efeitos foram pontuais ou se as medidas serão capazes de fazer o segmento elevar o patamar de vendas de forma mais perene.
Pacote de incentivos ajudou o setor automotivo
“Houve aumento da demanda, mas precisamos entender se esse movimento vai acabar em paralelo com o fim dos incentivos” apontou Ibarzábal, que lembra que ainda há carros com desconto nas concessionárias. Do portfólio Nissan, entraram na política de incentivo às vendas de carros populares as versões mais básicas do Kicks.
“Precisamos de políticas de longo prazo porque, nesse momento, estamos tomando decisões para daqui a seis meses”, contou o executivo durante o evento.
Na sua análise, a principal medida para melhorar o ambiente de vendas de veículos no país seria a redução da taxa básica de juros, a Selic. O presidente da Nissan entende que a redução baratearia o crédito e, com isso, faria com que o mercado brasileiro, enfim, saísse do patamar de 2 milhões de unidades por ano.
“Estamos nesse nível há muito tempo. O Brasil já deveria ter voltado a ser um mercado de 2,5 a 2,7 milhões de emplacamentos anuais”, estima o executivo.
Crescimento de participação e da rede
Independentemente dos rumos das vendas domésticas de automóveis, a Nissan quer aumentar sua participação no mercado. No ano fiscal de 2022, encerrado em março, a empresa respondeu por 2,9% dos licenciamentos. Em 2023, o patamar já subiu para 3,3% – percentual que a empresa pretende elevar a 4% até dezembro.
Para chegar lá, a companhia planeja ampliar a rede de concessionárias, que hoje conta com 195 pontos de revenda. Outro pilar dessa expansão é a oferta, que já começou o ano com cinco produtos: além do Kicks, estão na prateleira Frontier, novo Sentra, Versa e o Leaf – que, apesar do acirramento da concorrência chinesa, segue como um produto de imagem para a marca, sem ambição de volume.
“Nosso desafio hoje é crescer com o portfólio de produtos que já temos. É nisso que temos trabalhado com nossos fornecedores”, disse o dirigente, evitando falar sobre próximos lançamentos.
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Apesar da cautela adotada para tratar do tema, há grande expectativa em torno da chegada da versão híbrida flex do Kicks equipada com o sistema e-power. A novidade foi anunciada pela montadora no ano passado, com promessa de lançamento para 2023.
Atualmente a Nissan investe US$ 250 milhões para modernizar a fábrica de Resende e lançar novos produtos para o mercado nacional.