Painel sobre eletrificação, compartilhamento, conectividade e automação abriu o dia no principal encontro de negócios do ecossistema automotivo e da mobilidade
A mobilidade foi um tema central no Automotive Business Experience – #ABX22. O tema, inclusive, abriu o maior evento de negócios do setor automotivo e evidenciou que as marcas reservam bilhões de reais no futuro da mobilidade no Brasil.
O painel sobre eletrificação, compartilhamento, conectividade e automação foi o primeiro do evento, que aconteceu nesta quinta-feira, 8, no São Paulo Expo. Participaram do debate os executivos Antonio Filosa, presidente da Stellantis América do Sul, Aksel Krieger, CEO do BMW Group Brasil, e Marcus Ayres, sócio da Roland Berger. A mediação foi feita por Giovanna Riato, editora-chefe de Automotive Business.
Foram discutidas questões sobre o que aguarda a indústria automotiva brasileira nos próximos anos, entre elas o desafio de mudar a mobilidade como a conhecemos.
Bilhões de reais em múltiplas soluções de mobilidade
Antonio Filosa reforçou que a Stellantis não aposta em apenas uma solução. Modelos totalmente elétricos e híbridos já fazem parte da realidade da Fiat e Jeep e logo estarão em todas as empresas do grupo. “Nós no Brasil temos uma chance única de construir uma rota tecnológica fundamentada sobre o etanol e a eletrificação. O que acompanha essa transição industrial do mundo térmico ao mundo elétrico”, analisa o executivo.
Filosa aponta que a conjugação do etanol com eletrificação gerará uma demanda maior, manterá a cadeia de fornecedores, garantirá a competitividade e, de certa forma, conseguirá atenuar um pouco a ausência de incentivos do governo, que quase não oferece bônus para a compra ou troca de veículos térmicos por outros mais verdes.
Segundo Filosa, os desafios atuais incluem não apenas a motopropulsão dos carros como também a conectividade crescente e os ADAS, sigla que pode ser traduzida como sistemas avançados de auxílio ao motorista – itens que podem incluir frenagem automática, sensores de ponto cego, detecção de pedestres, entre outros.
O grupo Stellantis é um dos que mais investe no mercado brasileiro, com um percentual de localização – quando as marcas e fornecedores fabricam localmente os componentes – superior a 80% em todas as suas unidades produtivas no país. O pacote de investimentos de 2018 a 2025 chega a R$ 16 bilhões.
Escolhas difíceis
Por sua vez, Aksel Krieger também reforça que as soluções podem ser diversas. “Não é possível colocar todos os ovos em uma cesta só, tem que ser flexível. Às vezes, um cliente busca um carro elétrico para usar na cidade, enquanto outros precisam de um híbrido para não se preocupar com autonomia”, afirma.
Em 2014, a BMW lançou o i3, o primeiro elétrico vendido comercialmente no Brasil. Desde então, aumentou a sua oferta de carros do tipo e de híbridos plug-in, sendo uma das referências de eletrificação entre as marcas premium.
A fabricante alemã anunciou investimentos de R$ 500 milhões no país, sendo que boa parte do valor está sendo aplicada na produção do Série 3 reestilizado e do novo X1. No entanto, ainda não são produzidos veículos elétricos e híbridos na fábrica de Araquari, Santa Catarina, mas isso pode mudar no futuro.
A difícil escolha entre as diferentes soluções de mobilidade não é inédita no mundo automotivo. “Você tem um cenário que lembra o início do século 20, época na qual havia várias opções. Não havia ainda nenhuma tecnologia definida. Acabou que o motor a combustão foi o escolhido. Agora não será diferente”, relembra Marcus Ayres, da Roland Berger.
Brasileiros abertos à novas tecnologias
Assim que for superada a falta de competitividade dos veículos elétricos frente aos modelos a combustão, o avanço pode ser mais rápido do que o imaginado. “Segundo nossa pesquisa, o brasileiro é um dos povos mais inclinados a adotar outras formas de mobilidade”, informa Marcus Ayres. Feita em conjunto com a Automotive Business, a pesquisa indicou algumas tendências de mercado, entre elas o peso dos consumidores que adotam novas tecnologias rapidamente.
“Quando falamos de descarbonização, o elo automotivo da cadeia tem um peso importante. Mas a gente tem que pensar na matriz energética como um todo. Nesse sentido, o Brasil tem uma agenda verde já, com a sua matriz hidrelétrica forte, eólica e solar, além do polo de hidrogênio no nordeste. O papel do setor automotivo também é a integração com outros elos da cadeia. Aí entram o etanol, híbridos e elétricos”, completa Marcus.
Para os que se inscreveram no #ABX22 digital, o conteúdo do evento estará disponível para apreciação a partir do dia 15/9, na área logada do site oficial.
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