Próxima a São Paulo e com parque de fornecedores maduro, região atrai as atenções de investidores estrangeiros
A região do ABC paulista entrou para a história do setor automotivo nacional como importante polo industrial de automóveis e caminhões, chegando a ser chamada de “Detroit brasileira”. Hoje o parque local passa por uma série de transformações, e uma delas, avançando em silêncio, porém a passos largos, trata da consolidação de uma novíssima indústria de ônibus urbanos elétricos.
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Chassi de ônibus não é uma novidade nas linhas de produção instaladas ali. Afinal, Scania e Mercedes-Benz já fabricam esses conjuntos há tempos.
A diferença é que, neste momento, demandas atuais da mobilidade em termos de emissões atraem novos investimentos na região. A Mercedes, por exemplo, iniciou no ano passado a produção do seu primeiro chassi elétrico Made in Brazil, o eO500U. A Scania, por sua vez, testa um modelo em Ilha Solteira (SP).
Afora esta duas montadoras que já estão há décadas no ABC, existem outros nomes que pretendem disputar participação no mercado de ônibus urbanos elétricos. A Eletra é uma dessas empresas que buscam se firmar como produtores locais desses veículos.
No ano passado, a companhia finalizou investimento de R$ 22 milhões em uma fábrica em São Bernardo do Campo (SP) que pode chegar a uma produção de 1,8 mil unidades/ano.
A unidade, inclusive, recebeu em maio a visita do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e do seu vice, Geraldo Alckmin, que aproveitaram a oportunidade para discursar sobre esta vocação da região para produzir ônibus elétricos. E como isso tem aderência à política de economia verde/descarbonização que o Estado pretende executar.
Na semana passada, em 6 de julho, mais nomes demonstraram interesse em fazer parte dessa lista de produtores locais de ônibus. As chinesas Chery, Beijing Peak Automotive e Sinomach, assinaram memorando de intenções que versa sobre produção de ônibus elétricos no ABC Paulista. Prazos e valores de aporte ainda estão ocultos atrás do biombo corporativo.
ABC tem cadeia madura para ser polo de ônibus elétricos
De qualquer forma, atrativos não faltam para justificar novos aportes. O ABC tem uma cadeia produtiva madura formada por empresas que há muito integram o grupo de fornecedores das montadoras que já estão na região.
Outro ponto, talvez o mais importante, é a proximidade da região de um grande mercado consumidor, no caso, São Paulo. O município é signatário de um plano de metas que envolve a aquisição de mais de mil ônibus elétricos até o fim deste ano, e mais outras centenas até 2028. A Mercedes-Benz estima que o tamanho do mercado de ônibus elétricos será de 3 mil veículos até 2024.
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“A região do ABC perdeu força nos últimos anos, sobretudo com a ida de montadoras para outras regiões do país, como o Nordeste. De qualquer forma, ainda é uma região forte capaz de fazer todo tipo de desenvolvimento e está próxima ao centro mais importante do Brasil, onde estão concentrados os trabalhos de desenvolvimento de todas essas novas tecnologias”, disse o consultor Milad Kalume Neto, da Jato Dynamics.
Segundo informações do sindicato dos metalúrgicos do ABC, um anúncio será feito em breve a respeito dos locais onde as montadoras chinesas pretendem se instalar na região.
“Na semana que vez faremos uma nova reunião, desta vez virtual, com a comitiva que nos visitou. Os próximos passos envolvem a participação dos municípios nas conversas, São Bernardo, Diadema”, disse Moisés Selerges Júnior, presidente da entidade de classe.