Picape média é estratégica para a Stellantis na tentativa de melhorar as margens e capilaridade da rede de concessionárias da marca
Recentemente lançada, a Titano caiu como uma luva – e do céu – para aquilo que a Fiat busca nos últimos anos. Viabilizada pela sinergia da sua dona, a Stellantis, a nova picape média – Peugeot Landtrek em outros mercados – é mais um reforço na estratégia da montadora de agregar valor à marca.
Esse movimento ganhou força a partir de 2016, com o lançamento da Fiat Toro. A segunda geração da Strada e os lançamentos dos SUVs Fastback e Pulse, e de suas variantes Abarth, mostram que a Fiat deixou de ser uma marca apenas “tiradora de nota” e com volumes concentrados em segmentos de entrada do mercado.
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Além de ganhar participação de mercado, a Fiat inverteu a lógica do seu negócio no Brasil. Em 2018, a marca tinha pouco mais de 13% de participação geral e só 30% de seu volume estava no segmento de picapes – a empresa ainda não tinha SUVs àquela época.
Nos últimos três anos, a Fiat retomou a liderança, com mais de 20% de market share no Brasil – em 2023, a fatia foi de 23,1%. Porém, mais importante: 60% de seus licenciamentos foram de picapes e SUVs. Ou seja, onde as margens são mais gordas.
“A chegada da Titano agrega valor à marca e nos dá a possibilidade de que o negócio seja atraente para os nossos concessionários”, destacou Herlander Zola, vice-presidente de operações da Stellantis na América do Sul.
Concessionários queriam picape maior
A própria picape média Titano era uma demanda antiga de boa parte das 520 revendas da Fiat no país. Afinal, trata-se de uma categoria que responde por 30% das vendas totais de picapes no país.
Ao mesmo tempo, ela pode garantir volumes no modelo de vendas diretas, em especial a opção de entrada Endurance, por R$ 219.990, que atua em uma parte do segmento onde Chevrolet e Mitsubishi trabalham muito bem com suas respectivas S10 e L200.
“Quando a gente fala de picape, as vendas diretas são fundamentais dentro do negócio. Desde a largada vamos ter condições específicas para produtores rurais, frotistas e grandes clientes. Temos a picape 4×4 diesel mais acessível e essa é uma vantagem competitiva muito importante”, acredita o executivo.
Fiat quer ampliar domínio entre picapes
Nessa ofensiva de volume e valor agregado, a Fiat também quem aumentar seus domínios no segmento. Hoje, 43% do mercado geral de picapes está nas mãos da marca.
“Nos últimos 10 anos a Fiat passou por um momento bem difícil lá atrás, começou a crescer a partir de 2018, de um movimento de rebranding, de reformulação do seu line up e já há três anos tem participação acima dos 20%, o que não é nada fácil”, diz Zola, ressaltando a importância dos movimentos do mercado.
“Só dois segmentos crescem no Brasil, o de picapes e SUVs. Somos líderes absolutos em picapes e esperamos ampliar ainda mais nossa vantagem com a Titano, melhorar nossa participação entre SUVs e continuar trabalhando nossa participação nos demais segmentos”, completa.