Bicicletas, tributos e importações: Confira as emendas do Programa Mover

Plano setorial recebeu, em fevereiro, 208 emendas de parlamentares em Brasília

Bruno de Oliveira

Bruno de Oliveira

Plano setorial recebeu, em fevereiro, 208 emendas de parlamentares em Brasília

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Em tramitação no Congresso Nacional, em caráter de urgência, a Medida Provisoria (MP) do Programa Mover recebeu 208 emendas de deputados federais e senadores. Inclusão de bicicletas no escopo do programa setorial, resgate do regime de importação de peças e até aumento dos recursos subsidiados estão entre as solicitações.

Para o deputado Federal Da Vitória (PP/ES), o texto da MP enviado pelo Executivo para votação revogou o dispositivo que trata do Regime de Importação de Autopeças Não Produzidas, reintroduzindo o assunto no Mover de forma distinta e restritiva.


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Da Vitória não foi o único a fazer esta solicitação. Ele e demais colegas se mostraram preocupados em suas emendas a respeito do assunto, argumentando que o momento de transição de tecnologia de motores no país demanda, num primeiro momento, a importação de componentes. Taxar essa importação, ou restringi-la por meio de exigência de alto conteúdo nacional de peças, para eles, é um equívoco.

Ainda sobre operações no exterior, o deputado Capitão Alberto Neto (PL-AM) sugeriu que o Programa Mover proporcione algum tipo de incentivo fiscal às empresas que realizam processo industrial na Argentina, antes de finalizar o produto no Brasil. Para ele e outros parlamentares, o país precisa levar em consideração no Mover os acordos bilaterais firmados com países vizinhos.

Quase todas montadoras de automóveis e comerciais leves instaladas no Brasil também têm uma operação na Argentina. Stellantis, Toyota, Nissan, General Motors e Volkswagen são alguns exemplos. Sem mencionar a cadeia de suprimentos de cada uma na região.

Deputados e senadores querem zerar tributos

No campo tributário, os pedidos dos deputados e senadores também foram muitos. O deputado Toninho Wandscheer (PP-PR) propôs a suspensão dos tributos federais na produção automotiva, justificando que o momento da indústria e do mercado de veículos não é favorável em termos de volumes.

O senador Hamilton Mourão (Republicanos/RS), por sua vez, enviou emenda que propõe a redução a zero dos impostos sobre operações financeiras que envolvam veículo sustentável.


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Já o senador Fernando Farias (MDB/AL) propõe a concessão de quatro pontos de IPI para veículos híbridos que utilizam motor apenas com etanol, e não dois, como versa o texto da MP do Mover. Ele argumenta que incentivar o motor flex é um contrasenso, já que a população, segundo seus cálculos, utiliza mais gasolina do que etanol nos veículos com motor bicombustível.

A Stellantis, inclusive, deverá ter um modelo híbrido a etanol em sua oferta nos próximos anos.

O deputado João Carlos Bacelar (PL/BA) sugeriu que as empresas que apuraram crédito presumido de IPI durante o Inovar Auto possam seguir utilizando eles. De acordo com o parlamentar, é um direito adquirido por muitas fabricantes que ainda têm esse saldo. Este também foi o pleito de outro deputado, no caso, Toninho Wandscheer (PP-PR).

Veículos pesados não foram esquecidos pelos parlamentares

Alguns parlamentares lembraram do segmento de veículos pesados em suas emendas. Darci de Matos (PSD-SC) propôs a renovação de frota de pesados no programa Mover. Hugo Leal (PSD/RJ) quer iniciativas visando a substituição do diesel pelo biometano e pelo gás natural nos veículos pesados. Otto Alvencar Filho (PSD-BA) sugeriu aumentar de 13% para 20%, a partir de 1 de abril de 2030, a quantidade de biodiesel ao diesel.

O deputado federal Capitão Alberto Neto (PL/AM) se mostrou preocupado em sua emenda a respeito das emissões no campo. Ele sugeriu que o segmento de veículos off-road não fiquem apenas fora da estrada, mas também de fora das metas de emissões do Mover, uma vez que os veículos são “bens de capital”.

Mauricio Neves (PP-SP) propôs a criação do Fundo de Transição para a Eletromotricidade Integral (FTEI), com o objetivo de financiar a substituição da frota nacional de veículos de transporte coletivo movidos a combustível fóssil por frota de veículos elétricos.

Outros deputados também propuseram emendas que criam novos dispositivos de fomento dentro do Programa Mover.

O deputado Zé Silva (Solidariedade – MG) sugeriu a criação do Programa Mobilidade Elétrica (Mobe), com o objetivo de apoiar e incentivar a conversão de veículos com motor a combustão para veículos elétricos ou híbridos.

Professores também merecem acesso aos veículos elétricos

Pedro Uczai (PT-SC) propôs a criação do Programa de Incentivo à Aquisição de Veículos Movidos por Energia Renovável para Professores da Rede Pública da Educação Básica.

O objetivo desse programa é “facilitar a aquisição de veículos sustentáveis e valorizar esses profissionais.” Ele também propôs a mesma ideia em outra emenda, só que com incentivos para motoristas de aplicativo.

A deputada Adriana Ventura (Novo-SP) considerou a habilitação ao Mover uma arbitrariedade do governo. Sua emenda propõe a retirada dessa obrigatoriedade, excluindo, inclusive, a multa de 20% sobre a receita da venda de veículos para quem se opor a ela. Para ela, entrar no Mover tem que ser algo voluntário.

O senador Hamilton Mourão (Republicanos/RS) também enviou uma emenda que sugere aumentar o volume de recursos do programa dos atuais R$ 19,3 bilhões para R$ 38,6 bilhões, alegando que esses valores, sim, “são suficientes para abarcar todas as necessidades de pesquisas de todos os fabricantes”.

O senador Efraim Filho (União-PB) atentou para a criação de um grupo para acompanhar e divulgar, semestralmente, os resultados do plano setorial.

Por fim, o deputado Federal Marangoni (União-SP), e uma dezena de outros colegas, enviaram emendas que pedem o incentivo à produção de bicicletas elétricas no país, algo que para eles precisa ser integrante do escopo do Programa Mover.

A MP 1205, que deu vida ao Mover, aguarda a formação de uma comissão mista em Brasília (DF) antes de seguir para votação na Câmara e no Senado. Ainda não foi definido um relator.