Titular da pasta do comércio da China acompanhará investigação sobre eventuais benefícios que montadoras do país asiático teriam no continente
O ministro do Comércio da China, Wang Wentao, viajará à Europa em abril para averiguar a investigação da Comissão Europeia a respeito de um eventual benefício que a indústria chinesa de veículos elétricos tenha recebido no continente.
As informações são da agência Reuters. A comissão iniciou investigação para determinar se devem ser impostas tarifas às exportações de veículos chineses para proteger os fabricantes de automóveis europeus. A conclusão está prevista para novembro, embora o poder executivo da UE possa impor taxas provisórias mais cedo.
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A comissão afirmou, ainda, que a cota de veículos elétricos vendidos na Europa pela China poderá atingir 15% do mercado em 2025, com base no seu desconto de preço em comparação com os carros movidos a bateria fabricados na Europa.
A China, por sua vez, contestou a alegação e chamou o inquérito da UE de protecionista. Analistas dizem que fatores, incluindo o domínio da China na cadeia de abastecimento de baterias, a inovação e a concorrência acirrada num mercado interno lotado também reduziram os preços.
Investigadores da Comissão Europeia inspecionaram montadoras chinesas no início deste ano. Essas inspeções tiveram como alvo a líder de mercado BYD, além de Geely e a SAIC.
As tensões comerciais entre a UE e a China também deverão ser debatidas de forma mais ampla quando o presidente chinês, Xi Jinping, visitar o seu homólogo francês em maio. A França apoiou a investigação da comissão, parte de uma campanha de anos do presidente Emmanuel Macron para que a UE seja mais dura no comércio e insista em condições de concorrência equitativas.
China de olho nas exportações de conhaque francês
Em resposta, a China lançou em Janeiro uma investigação anti-dumping sobre o conhaque do tipo brandy, que foi considerado particularmente dirigido à França.
A China tornou-se o maior exportador de automóveis no ano passado, ultrapassando o Japão, uma tendência que, segundo os analistas, reflete o enorme excesso de capacidade de produção na China, dada a dimensão do seu mercado interno.
Os veículos chineses populares exportados para a Europa incluem o MG, da SAIC, e o Volvo, da Geely. A Tesla também é um grande exportador de veículos elétricos para a Europa a partir da sua fábrica em Xangai, a maior e mais produtiva da empresa norte-americana.
Incluindo os automóveis movidos a gasolina, a China tinha capacidade para produzir 43 milhões de veículos anualmente no final de 2022, mas a sua taxa de utilização da fábrica – medida que se correlaciona com a rentabilidade – era pouco inferior a 55%, mostram dados da Associação Chinesa de Automóveis de Passageiros.
Executivos de fabricantes de automóveis, fornecedores e analistas chineses discutiram e modelaram em privado o risco de algumas tarifas adicionais sobre VEs fabricados na China e exportados para a Europa durante meses. Os veículos elétricos chineses já pagam uma tarifa padrão de 10% na União Europeia.