Gigante chinesa, porém, diz que é preciso ter demanda local forte para justificar o movimento
Bogotá, capital da Colômbia, tem cerca de 1.500 ônibus elétricos da BYD em circulação. Logo, o mais incauto assume que todos os chassis dos veículos da montadora que rodam pela cidade tenham sido feitos na unidade da montadora localizada em Campinas (SP). Certo? Ledo engano. Eles vêm da China.
Tal movimento se dá, primeiramente, por conta de questões tributárias. É o que afirma Lara Zhang, diretora regional da BYD para a América Latina. Além disso, ainda de acordo com a executiva, existem normas específicas na Colômbia que, ao menos por ora, impedem a exportação do que é produzido em Campinas.
“Como já temos escala e soluções variadas na China, é muito mais fácil trazer atualmente o que lá é feito”, salienta.
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A diretora da BYD, contudo, não descarta nosso país como um possível polo exportador. Como um hub capaz de abastecer a América Latina com soluções distintas na seara dos ônibus elétricos.
“Esta é uma opção. Existe, claro, essa possibilidade, especialmente com a ampliação das nossas operações no Brasil”, ressalta Lara Zhang.
“Vislumbramos uma demanda local para manter a fábrica em produção e, por conseguinte, ter escala para atender aos demais países da América Latina. Essa é a nossa intenção e temos conversas recorrentes com a matriz sobre o assunto”, pontua Bruno Paiva, diretor da divisão de ônibus elétricos da BYD para o Brasil.
Nacionalização de componentes para ônibus também estão nos planos da BYD
O executivo diz, ainda, que a companhia tem planos para nacionalizar componentes. Assim, claro, que a supracitada demanda local for atendida.
A redução do custo de produção seria, evidentemente, um facilitador para que a BYD Brasil pudesse encetar os embarques de seus chassis de ônibus elétricos para a Colômbia e para demais territórios vizinhos.
“A partir do momento que tivermos volume as normas colombianas são facilmente contornáveis. Conseguiríamos produzir sem problemas [em Campinas] veículos adequados à realidade dos países da região”, adianta Paiva. “O mais fácil é fazer ônibus. O problema é a demanda, especialmente a local”, complementa.
O diretor da montadora de origem chinesa diz ainda que já há, inclusive, alguns desenhos estratégicos em pauta nas reuniões feitas com a matriz acerca das exportações dos ônibus elétricos da BYD Brasil para a América Latina.
“Se trata de um processo, de muitas conversas, para chegarmos a uma definição. O drawback, por exemplo, é uma opção interessante”, frisa o executivo.
O regime aduaneiro especial mencionado, vale destacar, permite suspensão ou eliminação de tributos incidentes na aquisição de insumos empregados na industrialização de produtos exportados. Em suma, com a redução de custos, tais produtos tornam-se mais competitivos no mercado internacional.