Liderança automotiva acredita que Brasil só terá protagonismo em projetos locais

Conclusão é de pesquisa exclusiva de Automotive Business em parceria com Mandalah e MHD Consultoria

Redação AB

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Conclusão é de pesquisa exclusiva de Automotive Business em parceria com Mandalah e MHD Consultoria

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O mundo é cada vez mais aberto e conectado. Uma evidência clara deste movimento é a velocidade com que a pandemia de coronavírus se espalhou globalmente. Apesar disso, os profissionais que tomam as decisões em empresas automotivas instaladas no Brasil não encaram este processo com grandes ambições, como mostra a 2ª edição da pesquisa Liderança do Setor Automotivo, feita por Automotive Business em parceria com a Mandalah e com a MHD Consultoria.


Esta matéria é parte do especial Liderança do Setor Automotivo, que trará nas próximas semanas as principais conclusões da pesquisa e os comentários de grandes profissionais do segmento.
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Segundo o levantamento, 87% das pessoas em posição de comando nesta cadeia de valor entendem que é provável ou muito provável que o papel global da indústria automotiva brasileira se resuma a conduzir apenas alguns projetos locais. Ou seja: uma posição sem protagonismo global. Parcela de 47% aponta que é pouco provável que o polo automotivo local tenha papel importante no desenvolvimento de soluções para os novos meios de mobilidade.

A pesquisa foi realizada com 673 profissionais que atuam em empresas automotivas brasileiras – 38% ocupam funções de alta gestão, como diretoria, vice-presidência, presidência e conselho. O estudo buscou entender qual é a visão da liderança automotiva em um momento de disrupção do segmento no mundo. A coleta dos dados foi feita ainda no fim de 2019, mas o debate que ganha ainda mais importância diante da atual crise.

FALTA AMBIÇÃO

A falta de protagonismo global da indústria automotiva brasileira é histórica. Ainda assim, a confirmação de que a própria liderança das empresas não enxerga outro caminho além deste mesmo diante do cenário de transformação do setor acende a luz amarela para os próximos anos, que tendem a ser de abertura do mercado.

Para avaliar esta e as outras conclusões, a pesquisa foi apresentada e comentada por algumas grandes lideranças da cadeia automotiva no Brasil. “Precisamos de um pouco mais de ambição”, apontou Luis Afonso Pasquotto, presidente da Cummmins, diante dos resultados.

“A perspectiva de abertura do mercado é uma coisa boa. Se soubermos fazer, sem abrir a torneira de vez, será um movimento que vai estimular a competitividade local. O caminho não é ter custo baixo, é inovar mais, oferecer um pacote atrativo para quem quer comprar”, diz Pasquotto.

Já Pablo Di Si, presidente da Volkswagen América do Sul, diz que as competências locais devem ser melhor aproveitadas no momento de transformação da indústria automotiva: “O profissional brasileiro é muito capacitado. As tantas dificuldades que existem aqui levam as pessoas a serem mais rápidas, criativas e trabalhadoras. O Brasil também tem um histórico de pesquisa e desenvolvimento com motores flex que não pode ser jogado fora.” E prossegue:

“Nos próximos anos, a maioria do mundo vai migrar para as propulsões alternativas. Se não fizermos nada para acompanhar, ficaremos fora do jogo. Precisamos mudar estrategicamente de direção”, alerta Di Si.

OS DESAFIOS DA LIDERANÇA AUTOMOTIVA

Mesmo antes do setor automotivo mergulhar na atual crise deflagrada pela Covid-19, a liderança das empresas indicava dificuldade para coordenar a entrega dos resultados de curto prazo e a construção das respostas e estratégias para o longo prazo.

Quando questionados diretamente, 69% dos respondentes disseram que as empresas em que trabalham equilibram bem as demandas imediatas e os projetos voltados a garantir o futuro da organização.

Há, no entanto, contradição entre o discurso e a prática. Quando perguntada sobre quais são os principais desafios do cargo atual, a liderança deixa claro que o curto prazo é prioridade. O aumento da rentabilidade e da competitividade foram indicados como principais metas, em detrimento das opções relacionadas à construção de uma boa estratégia de longo prazo, como a formação de sucessores e a interação com o ecossistema de inovação.

Christopher Podgorski, presidente e CEO da Scania Latin America, destaca o quão nocivo pode ser o foco exclusivo no curto prazo:

“Se olharmos só para o hoje, vamos morrer amanhã. O papel da liderança é priorizar e tomar, muitas vezes, decisões duras. É uma arte, com sensibilidade, visão futura e a capacidade de acompanhar os movimentos da sociedade”, aponta.

Apesar das dificuldades ainda existentes, a visão da liderança automotiva mostrou avanço em relação à edição de 2018 do estudo. O terceiro principal desafio indicado pelos profissionais em cargos de comando está em desenvolver novos modelos de negócio e fontes de receita – objetivo intimamente ligado à inovação.