“Para crescer na carreira, é preciso deixar claras as suas pretensões”, diz Ana Theresa Borsari

Única liderança feminina à frente de marcas de carros no Brasil, a country manager da Peugeot, Citroën e DS fala do desafio da equidade no setor automotivo

Redação AB

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Única liderança feminina à frente de marcas de carros no Brasil, a country manager da Peugeot, Citroën e DS fala do desafio da equidade no setor automotivo

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Nesta Semana da Mulher, AB Diversidade convidou algumas vozes influentes do setor para falar sobre a busca por mais equilíbrio e representatividade na indústria. A cada dia, uma nova entrevista. Nesta terça-feira, quem responde questões sobre o tema é Ana Theresa Borsari, country manager das marcas Peugeot, Citroën e DS, que agora integram o grupo Stellantis. Única mulher à frente de uma marca de veículos no Brasil. Em 2011, a executiva foi pioneira na liderança feminina no comando da Peugeot em um país, a Eslovênia.
”As empresas que querem crescer precisam ter como missão a abertura genuína, com pessoas diversas e conscientes da importância das diferenças. Não por ser politicamente correto, mas sim porque é um terreno fértil, que gera maior riqueza cultural e ativos para a organização”, defende Ana Theresa.


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Na indústria automotiva, abrir espaço para a diversidade ainda é um desafio. As mulheres, por exemplo, ocupam apenas 6% dos cargos de alta gestão, conforme aponta a pesquisa Liderança do Setor Automotivo, feita por Automotive Business com a coordenação técnica da MHD Consultoria. Dentro de todo o segmento, elas somam apenas 19% da força de trabalho, com maiores desafios, mas menores oportunidades e salários (veja aqui), segundo o estudo Diversidade no Setor Automotivo.

Na sua visão, qual é a importância da equidade de gênero para o setor automotivo?

É um tema de extrema importância. O setor automotivo ainda é muito tradicional e precisamos alimentar não só a equidade de gênero, mas principalmente a diversidade. O meu comitê de direção é como uma torre de Babel, muito mais do que diversidade de gênero, cor, perfil, os profissionais têm atitudes diferentes, com backgrounds variados.

Quando você tem olhares diferentes de homens e mulheres diversos, as empresas ganham maior eficiência e melhores resultados. As pessoas vão ter formas distintas de ver e reagir a uma mesma situação, resultando em uma somatória de ideias. É uma forma diferente de encarar determinadas circunstâncias que, no final, agregam para uma solução mais rápida e assertiva.

Que conselho você daria às mulheres que querem construir carreira no setor? E aos homens que buscam fomentar a equidade?

Nunca desistir, não ter vergonha das suas ambições e se posicionar sempre. Muitas vezes a mulher é competente e muito bem preparada, mas ela não se vende como tal. A mulher precisa ser mais direta, se posicionar e deixar claras as suas pretensões, qualidades e entregas.

Além de estar preparada e ter competência, é preciso que a mulher assuma onde quer chegar. As barreiras estão na cabeça de cada um. Também é preciso verbalizar e deixe claro aos gestores quais são os seus objetivos de carreira e cobrar deles um posicionamento para ajudá-la a construir a trajetória desejada dentro da organização.

Para os homens, não há o “buscar fomentar” e sim “decidir fazer e agir nessa direção”, colhendo os frutos que a diversidade traz. Esta é a melhor forma de comprovar e mostrar para as pessoas que a diversidade é essencial para o crescimento das organizações, além de promover a inovação, melhoria na comunicação e no relacionamento.

Quais oportunidades e desafios você enxerga na busca da equidade de gênero dentro do setor?

As empresas que querem crescer precisam ter como missão a abertura genuína, com pessoas diversas e conscientes da importância das diferenças. Não por ser politicamente correto, mas sim porque é um terreno fértil, que gera maior riqueza cultural e ativos para a organização. O que está acontecendo de bonito hoje nas empresas é essa transformação. As pessoas entenderam que as empresas que querem ser eficientes e modernas precisam estar preparadas e prontas para saber somar com as multiplicidades culturais, de gênero, de raça, entre outras.

Fico muito contente quando um importante meio de comunicação como Automotive Business abre espaço para falar sobre esse tema. Acho muito essencial trazer esse tipo de pauta para ouvir as pessoas do setor e levantar o debate entre todos os envolvidos.

O que você gostaria de receber de presente de Dia da Mulher?

O maior presente é ouvir as vozes femininas acontecendo e realmente perceber um grande movimento para dar voz a todas as mulheres.

Levantar temas como igualdade, preconceito, violência e fazer disso um debate amplo que gere mudanças. Enquanto existir o Dia Internacional da Mulher é um sinal de que ainda temos de continuar lutando, e de que ainda precisamos arregaçar as mangas e seguir em frente.