Marchionne: Brasil deve exportar mais e apostar no etanol

Ketter e Marchionne no Polo Automotivo Jeep de Goiana (PE): defesa do aumento das exportações e biocombustível como solução pronta para o País

Redacao AB

Redacao AB

Ketter e Marchionne no Polo Automotivo Jeep de Goiana (PE): defesa do aumento das exportações e biocombustível como solução pronta para o País

Imagem de Destaque

O CEO da Fiat Chrysler Automobiles (FCA), Sergio Marchionne, defende que o Brasil deve se transformar em polo exportador de veículos, ao mesmo tempo em que tem a vantagem do etanol como solução pronta para reduzir as emissões de CO2 que o resto do mundo ainda tem dificuldades para fazer. “Temos duas grandes plantas aqui (Betim-MG e Goiana-PE) e pela primeira vez temos grande capacidade de exportar”, afirmou o executivo em visita à fábrica pernambucana, o Polo Automotivo Jeep, onde participou de evento para anunciar a abertura do terceiro turno de trabalho no Polo Automotivo Jeep, em Goiana (PE).

“O Brasil sempre foi muito isolado, olhando muito para dentro de si, é hora de reconhecer a importância das exportações e incentivar seu crescimento”, afirmou Marchionne.

O executivo alertou, no entanto, que “navegar para esse objetivo não é fácil, não se faz do dia para noite, é preciso criar condições, reduzir custos de produção e importação”, avaliou. “A América Latina, especialmente o Mercosul, tem oportunidade de ganhar mais importância no cenário internacional. Queremos entregar essa mensagem ao governo, ao presidente Temer”, disse, minutos antes de se encontrar com o mandatário, também presente na cerimônia oficial na fábrica de Goiana).
“Esperamos agora por uma reação do mercado (brasileiro), mas seria mais interessante caminhar para o crescimento sustentável, o que requer a criação de uma plataforma de exportações e de regulamentação para prever investimentos. Nossos projetos começam com três a quatro anos de antecedência, se não sabemos o que vai acontecer fica difícil planejar o futuro”, acrescentou Stefan Ketter, até aquele momento presidente da FCA América Latina – depois de coordenar a construção do Polo Automotivo Jeep em Goiana e promover a transformação industrial da fábrica de Betim e de Córdoba, na Argentina, Ketter volta agora a se dedicar exclusivamente à vice-presidência global de manufatura do grupo, que acumulava com a gestão da operação latino-americana, e passa o comando da divisão para Antonio Filosa (leia mais aqui).
“A base de fornecedores também é fundamental para exportar. Se não tiver componentes produzidos localmente é difícil ser competitivo. É preciso recuperar essa cadeia no País”, defende Ketter.

ETANOL

Quando surgiu a inevitável questão dos carros elétricos, Marchionne foi enfático em defender a solução brasileira para reduzir emissões veiculares de CO2: “É possível criar um modelo de negócio para veículos elétricos, mas há outros caminhos e nesse sentido o Brasil tem posição invejável com o etanol. O País precisa explorar essa solução que já tem dominada antes de se preocupar em importar baterias, até porque nenhum elétrico bate o etanol em emissão de CO2”, afirmou.

“Meu conselho: não comecem a criar coisas que não precisam, foquem na produção de etanol”, defende Marchionne.

Ketter completou: “O etanol é parte importante do Rota 2030”, disse, em alusão ao programa de desenvolvimento do setor automotivo que vem sendo discutido com o governo há quase um ano, mas até agora não foi adotado por divergências entre os ministérios da Indústria (a favor) e da Fazenda (contra) sobre concessão de incentivos à indústria.

BRASIL

Apesar dos constantes altos e baixos da economia brasileira, Marchionne mostrou-se otimista com a evolução do País: “A prova do meu otimismo são os investimentos aqui que somam R$ 22 bilhões nos últimos seis anos”, destacou. “O Brasil continua sendo um mercado de destaque em nossos planos de desenvolvimento internacional”, acrescentou. “Estamos finalmente saindo daquela que foi a mais longa recessão da história brasileira. Três anos que pareciam ser infinitos. A Inflação foi novamente posta sob controle, o mercado volta gradualmente a crescer, os sinais positivos começam a ser muitos e consistentes”, avaliou.
Marchionne credita a contínua perda de participação de mercado da Fiat à mudança da demanda, que ocorre não só no Brasil, em direção aos SUVs. “Em fevereiro passado os SUVs e picapes representaram 70% das vendas nos Estados Unidos. É um dado que revela a velocidade dessa tendência, muito rápida. Diante desse quadro a Jeep estava no lugar certo, inclusive aqui no Brasil onde cresceu de forma acelerada (lidera o segmento de SUVs com Compass e Renegade), a Fiat sofreu mais com essa mudança”, avaliou.