Linha de produção do Polo Automotivo Jeep em Goiana (PE): novos produtos a caminho
A FCA (Fiat Chrysler Automobiles) anunciou investimentos no Brasil de R$ 14 bilhões no período 2018-2022. Pelo câmbio atual o valor representa cerca de € 3 bilhões, ou menos de 7% do investimento global de € 45 bilhões revelado em 1º de junho, durante o Capital Markets Day, em Balloco, na Itália, quando o grupo informou a investidores e imprensa sua situação atual e planos para os próximos cinco anos (leia aqui e aqui).
Antonio Filosa, que há três meses assumiu o comando da divisão América Latina da FCA, confirmou que “cerca de 90%” dos aportes serão usados em lançamentos e no desenvolvimento de novos produtos que serão produzidos nas duas fábricas brasileiras do grupo em Betim (MG) e Goiana (PE). Entre as principais novidades, estão incluídos na nova safra três SUVs Fiat (subcompacto, compacto e grande de sete assentos) um novo Jeep de sete assentos, além da nova geração da picape compacta Fiat Strada e uma picape média Ram (com local de produção ainda indefinido), conforme também foi adiantado no início deste mês (leia aqui).
“Ao todo, até 2022 planejamos 15 ou mais lançamentos Fiat e 10 ou mais Jeep/Ram no Brasil e na América Latina, considerando todas as renovações de produtos e modelos completamente novos”, informa Filosa.
Segundo o CEO da FCA Latam, o “mais” colocado após os lançamentos previstos significa que o número poderá crescer conforme surgirem as oportunidades de mercado. “Por exemplo, tínhamos planejado 10 novidades para a Fiat nos próximos cinco anos, mas revisamos e subimos para 15 porque identificamos novos espaços a ocupar. Por isso falamos em 15+ e 10+”, explica Filosa.
As novidades não incluem só produtos, mas também o powertrain. Até 2020 deve ser lançada uma versão turbinada do motor Firefly e novas versões de transmissões automáticas. “Queremos democratizar o câmbio automático”, afirma o CEO.
O executivo também disse que não há mais necessidade de grandes aportes em ampliação das fábricas: “Já temos bastante capacidade na região, podemos fazer 1,25 milhão de veículos/ano. Mas vamos continuar investindo em tecnologia, digitalização das plantas, processos da indústria 4.0, para aumentar qualidade e produtividade e reduzir custos de produção. Goiana já é uma das plantas mais modernas do mundo, nasceu com muita automação, e modernizamos muito Betim. Mas seguiremos evoluindo”, afirma. Filosa, há três meses no comando da FCA Latam, vai pilotar plano de investimento de R$ 14 bilhões da empresa no Brasil
Com a crescente demanda pelos Jeep produzidos em Goiana – apenas dois modelos, Renegade e Compass, já abocanham mais de 5% de participação no mercado brasileiro este ano –, não está descartada uma futura ampliação de capacidade da fábrica pernambucana, dos atuais 250 mil/ano para 350 mil. “Se aumentarmos a linha de produtos vamos precisar expandir a planta”, admite Filosa.
Ele também prevê a expansão gradual do número de fornecedores no raio de 50 km da fábrica. Hoje, segundo o executivo, os produtos feitos em Goiana já têm 70% de componentes nacionais e metade deles vêm de Pernambuco. “Já visitei fornecedores que querem ir, porque para alguns itens é antieconômico enviar de longe. Nos próximos anos mais 15 a 20 empresas deverão se instalar no Estado para fornecer ao Polo Jeep.”
PLANO PARA GANHAR MAIS NA AMÉRICA LATINA
Filosa avalia que o plano de lançamentos preparado para os próximos cinco anos na América Latina deverá recuperar parte do terreno perdido pela Fiat e ampliar a participação já crescente da Jeep. “Vamos aumentar nosso share com novos produtos e maior alcance de mercado, principalmente para a Fiat com os novos SUVs.”
“De acordo com pesquisas que consultamos, 63% da geração dos millennials (nascidos a partir dos anos 1980) querem carros bonitos e que sejam smartphones sobre rodas, que andam. Pois é exatamente isso que vamos oferecer nos próximos anos”, resume Filosa.
Com isso, o CEO destaca que a região da América Latina é onde o faturamento da FCA mais vai crescer nos próximos cinco anos, à razão de 5% ao ano, em um mercado total estimado pelo grupo de 4,4 milhões de unidades este ano (2,4 milhões só no Brasil), para chegar a 5,2 milhões em 2022 (3 milhões no Brasil).
A rentabilidade também estará entre as maiores do mundo. Segundo relatório financeiro divulgado em Balloco no início do mês, o grupo tem meta de obter margem de ganho sobre vendas de 10% a 12% nos mercados latino-americanos (exceto México), porcentual idêntico ao esperado para a divisão Nafta (Estados Unidos, Canadá e México) e abaixo dos 8% a 10% projetados para Ásia-Pacífico e de 5% a 7% para Europa, África e Oriente Médio.
ROTA 2030
Filosa diz continuar acreditando na aprovação do Rota 2030, o programa de desenvolvimento setorial automotivo que vem sendo discutido há mais de um ano e teve seus incentivos barrados pelo Ministério da Fazenda.
“A premissa de todo nosso plano de negócio é a aprovação rápida do Rota 2030”, confia Filosa.
SEM NECESSIDADE DE ELETRIFICAÇÃO
Do plano de € 45 bilhões a FCA promete investir € 9 bilhões até 2022 em eletrificação. Não está descartada a vinda de modelos elétricos e híbridos das marcas do grupo para o Brasil, mas Filosa repetiu a mesma convicção da diretoria da empresa: “O País não tem necessidade de eletrificação porque aqui já existe uma solução pronta para reduzir emissões, o etanol, com emissões tão baixas quanto a de um carro elétrico quando se mede da plantação ao escapamento, como está determinado [nas metas de eficiência energética] pelo Rota 2030, que torna possível o desenvolvimento de novos produtos com base no etanol”, explica.
“Para ampliar as ofertas, poderemos aproveitar no mercado brasileiro alguns dos muitos lançamentos de carros eletrificados que vamos fazer, mas com o Rota 2030 isso não será obrigatório [para atingir metas]”, diz Filosa.