Nissan inaugura linha de produção da Frontier na Argentina

Intenção é exportar 60% para o mercado brasileiro

Redação AB

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Intenção é exportar 60% para o mercado brasileiro

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Com investimento de US$ 600 milhões e dois anos de desenvolvimento e construção, além da contratação de mil empregados diretos, a Nissan colocou para funcionar a linha de produção da picape Frontier na Argentina, em um galpão cedido pela sócia de aliança, a Renault, dentro da planta de Santa Isabel, em Córdoba, berço da indústria automotiva argentina.
A Frontier é a primeira de três picapes médias de uma tonelada que serão produzidas no mesmo local, dentro do projeto de compartilhamento de três fabricantes. A própria sócia Renault começa a fazer a Alaskan até o fim deste ano e no início de 2019 chega a Mercedes-Benz Classe X, em acordo de parceria. Ambas serão construídas sobre a mesma plataforma da Frontier e vão alugar as facilidades produtivas instaladas pela Nissan.
Durante a cerimônia de inauguração na segunda-feira, 30, o CEO mundial da Nissan, Hiroto Saikawa, destacou que a nova linha de produção é fruto da colaboração plena com a sócia da Renault – que produz na fábrica de Santa Isabel desde 1959 e realocou o espaço para o projeto. Segundo ele, o investimento faz parte da estratégia de aumentar a penetração da marca japonesa na América Latina com um grande hub de produção integrado por México, Brasil e Argentina. “A Nissan tomou a decisão de ser grande na América Latina e para isso é fundamental produzir em seus maiores mercados. Já temos presença forte no México, fizemos um primeiro investimento no Brasil e agora chegamos à Argentina para completar nosso plano estratégico”, disse Saikawa.

PLANO DE CRESCIMENTO NA AMÉRICA LATINA

Saikawa afirmou que a atual recessão econômica na Argentina não influencia em nada os planos da Nissan no país ou na região. “Tomamos a decisão de fazer este investimento há três anos e faz parte de nossa estratégia de crescimento na América Latina. Já estávamos no México, mas ainda precisamos aumentar a presença no Brasil e Argentina. É fundamental ter participação significativa nesses dois grandes mercados para crescer na região. Estamos fazendo isso e creio que nosso projeto é sólido, independentemente do momento econômico”, garante o executivo.
“Também é preciso lembrar que esses planos foram feitos pensando num horizonte de 15 anos à frente, para aumentar nossa presença de mercado em todos os países latino-americanos para além dos 3% atuais, por isso estamos fazendo grandes investimentos na região”, completou Jose Luis Valls, presidente da Nissan América Latina.
Saikawa afirma que não há porcentual de market share definido nem data marcada para atingir o objetivo de crescer mais nos mercados latino-americanos. “Vamos seguir passo a passo. Fizemos o investimento no Brasil (perto de US$ 2 bilhões nos últimos anos), terminamos agora na Argentina, com isso deveremos ampliar nossa participação para além de 5% na região”, pondera.

PRODUÇÃO CRESCENTE

A expectativa é produzir perto de 9 mil Frontier nos meses que faltam para terminar o ano. Em 2019 esse número deve subir para 50 mil, já com as três picapes em produção. Somando os três sócios no projeto, a capacidade máxima de linha é de 70 mil unidades/ano e a Nissan tem cota de 30 mil unidades/ano. Deverá exportar ao menos 60% desse volume ao Brasil. “Acreditamos que vamos atingir o nosso potencial máximo de 30 mil até 2022”, prevê Valls. Segundo ele, a fabricação local da picape poderá render 10% da participação da marca no mercado argentino do segmento. “Vamos participar em toda a gama de picapes de uma tonelada e assim aumentar nossa penetração”, avalia.
Depois de Tailândia, México, Espanha e China, a Argentina é a quinta linha de fabricação da Frontier no mundo. “Focamos em aumentar a eficiência de nosso investimento. A estratégia é localizar a produção nos mercados brasileiro e argentino dos modelos que mais vendemos na região. Os dois países têm de ser complementares. Escolhemos Córdoba para integrar nossa rede de produção da Frontier porque o país tem vocação para fazer picapes”, explicou Saikawa. “É uma forma de a um só tempo atender nossos planos de expansão na região e reforçar nossa ofensiva de lançamento de picapes”, acrescentou.
“Somos líderes em picapes no Chile e na Colômbia, que hoje recebem a Frontier do México. Portanto, além do Brasil, existem outras possibilidade de exportação para a planta argentina”, avalia Marco Silva, presidente da Nissan Brasil. Com novas versões que serão produzidas em Córdoba e chegam ao mercado brasileiro até o fim do ano, Silva prevê que irá aumentar a fatia da marca no País, “tanto para cima (maior valor) quanto para baixo, com opções mais baratas e também na mesma faixa que já atuamos”, aposta. Com a produção da picape no Mercosul, o executivo diz que 85% a 90% das vendas da Nissan aos brasileiros agora são de produtos locais, incluindo na conta March, Versa e Kicks feitos em Resende (RJ) e em breve a Frontier argentina.
Em sua 12ª geração, a Frontier continuará sendo vendida na região só em versões de cabine dupla, todas com motor diesel 2.3 biturbo de 190 cavalos, hoje importado da França, em configurações de transmissão manual ou automática e tração 4×2 ou 4×4. É a segunda vez que a picape é produzida pela Nissan na América do Sul dentro de um complexo industrial da Renault: a primeira foi no Brasil, na fábrica de São José dos Pinhais (PR), de 2002 a 2016.