Fábrica da Stellatis em Detroit: produção da linha Jeep afetada
A última semana de maio não terminou bem para alguns dos maiores produtores globais de automóveis devido à crise dos semicondutores, que afetou de maneiras diferentes os principais parques industriais do mundo. A situação mais crítica tem sido dos fabricantes da América do Norte, principalmente dos Estados Unidos.
Os três maiores grupos automotivos dos EUA já estimam que deixaram de produzir neste ano, até o mês de maio, mais de 850 mil veículos. Se somarmos todos os demais fabricantes da região, o número passa de 1 milhão de unidades (veja tabela abaixo).
Claro que a maior parte desse volume perdido deve-se à escassez de componentes eletrônicos, mas não também há relatos de falta de outros materiais, como espuma e plásticos. “Não tenho uma boa notícia para compartilhar com vocês. Vai piorar porque não há uma solução rápida para isso”, disse Bharat Kapoor, sócio da consultoria Kearney para o jornal Automotive News.
MARCAS QUE MAIS PERDERAM
A montadora mais afetada, por enquanto, é a Ford, que já deixou de produzir e vender quase 325 mil veículos, tendo como o modelo mais atingido a linha de picapes F-Series, que somam quase 110 mil unidades que não foram fabricadas.
A Ford, aliás, é dona de metade dos 10 modelos mais impactados pela crise. A GM aparece em segundo lugar, com 279 mil veículos a menos, seguida pela Stellantis com 252 mil. Já as quatro montadoras japonesas – Subaru, Honda, Nissan, Toyota – deixaram de fabricar juntas 150 mil veículos (veja a lista completa ao final da reportagem).
A escassez de microchips tem obrigado as empresas a interromperam a produção temporariamente de algumas fábricas, enquanto outras estão reorganizando suas linhas de montagem para fabricar apenas os modelos mais lucrativos, evitando a paralisação ao desviar componentes de um modelo para outro ou até eliminando equipamentos de série e reduzindo o nível de tecnologia (leia aqui).
“Estamos colaborando com toda a cadeia de fornecimento global e trabalhando incansavelmente para encaminhar as peças disponíveis para as fábricas apropriadas, a fim de maximizar a eficiência da fábrica”, disse o CFO da GM, Paul Jacobson, aos investidores durante uma teleconferência neste mês. “Estamos nos concentrando em aproveitar todos os semicondutores disponíveis para produzir e entregar nossos produtos mais populares e de maior demanda, incluindo nossas picapes e SUVs grandes de maior lucratividade.”
A crise dos semicondutores está afetando diversos setores da indústria automotiva em nível global, incluindo o Brasil. Essa escassez de insumos, porém, pode demorar mais do que se esperava. Segundo analistas do setor, essa crise pode se estender por vários anos, ao contrário do que se imaginava há algum tempo.
VOLKSWAGEN SOFRE NO MÉXICO
No México, a situação também tem se mostrado crítica para a Volkswagen, que já anunciou a parada da sua fábrica de Puebla por três semanas também por falta de semicondutores. No entanto, o caso da marca alemã é mais sensível, pois ela está às vésperas do lançamento do seu novo SUV, o Taos, nos Estados Unidos, que será o principal mercado consumidor do modelo.
Para tentar tranquilizar seus distribuidores, a empresa divulgou um comunicado garantindo que já tomou providência para que o lançamento não seja impactado. O informe diz que a Volkswagen vai manter o lançamento do SUV como planejado, no início de junho, “com mais de 8.000 Taos sendo entregues aos revendedores somente em junho”. No entanto, devido à produção que já foi comprometida, levará mais tempo para montar o estoque regular de Taos.
A empresa já havia dito que, se a escassez de microchips atingisse sua produção no segundo semestre, ela estaria pronta para priorizar a fabricação do Taos em vez do Tiguan recém-reestilizado reestilizado, um SUV maior e mais caro.
Ainda no território mexicano, a fábrica da Stellantis em Toluca (onde é produzido o Jeep Compass) também foi afetada: ela terá sua linha de montagem paralisada por duas semanas.
NA EUROPA, 10 MIL TRABALHADORES DA AUDI AFETADOS
O cenário na Europa também não é dos melhores. Ao longo deste ano, vários fabricantes tiveram que interromper parcial e totalmente sua produção, como a Ford, que parou unidades produtivas em três países.
Nesta semana, foi a vez da Audi, que precisou colocar 10 mil funcionários em regime de meio período de trabalho, devido à falta de componentes eletrônicos para manter a produção no ritmo normal, segundo o jornal alemão Handelsblatt.
A decisão atinge os trabalhadores das principais unidades de produção da empresa em Ingolstadt e Neckarsulm. A mudança em Ingolstadt afetou as linhas de montagem dos sedãs A3, A4 e A5 e entra em vigor no final de maio. Em Neckarsulm, vários modelos deixaram de ser fabricados nesta semana. FABRICANTES MAIS AFETADOS NA AMÉRICA DO NORTE*1) Ford 324.6162) General Motors 277.9663) Stellantis 252.1934) Subaru 45.2725) Volkswagen 45.2156) Honda 42.9517) Nissan 41.9288) Toyota 23.6709) Tesla 6.41810) Mazda 6.133*Em unidades que deixaram de ser produzidas entre janeiro e maio de 2021MODELOS MAIS AFETADOS NA AMÉRICA DO NORTE* Ford F-Series 109.710Jeep Cherokee 98.584Chevrolet Equinox 81.833Chevrolet Malibu 56.929Ford Explorer 46.766*Em unidades que deixaram de ser produzidas entre janeiro e maio de 2021