Etanol produzido a partir da cana-de-açúcar é opção para os países emergentes, aposta o grupo VW
O grupo Volkswagen anunciou na segunda-feira, 12, que o Brasil será o centro dos estudos e pesquisas de novas soluções tecnológicas baseadas no etanol e em outros biocombustíveis. A decisão faz parte da estratégia da empresa para que a região da América Latina desenvolva alternativas destinadas aos mercados emergentes que utilizem energia limpa para os motores a combustão e os veículos híbridos. Dessa forma, a montadora vai poder contribuir para reduzir os impactos no meio ambiente, sem ter de investir pesado em mudanças drásticas em suas plataformas atuais. A Volkswagen afirma ainda que o novo centro será totalmente independente no desenvolvimento das novas tecnologias para o grupo em nível global.
“Sediar no Brasil o novo centro de pesquisa e desenvolvimento para etanol e outros biocombustíveis nos coloca em evidência no mundo Volkswagen”, afirmou Pablo Di Si, presidente e CEO da Volkswagen América Latina. “Poder liderar, desenvolver e exportar soluções tecnológicas a partir do uso da energia limpa dos biocombustíveis se caracteriza como uma estratégia complementar às motorizações elétrica, híbrida e à combustão a mercados emergentes é um reconhecimento enorme para a operação na América Latina. Vamos atuar em parceria com governo, universidades e a agroindústria para que possamos trabalhar com o que há de melhor para o futuro da mobilidade”, completou.
Entre os grandes mercados que podem usufruir da tecnologia dos biocombustíveis, está a Índia, que anunciou no fim de junho que vai permitir que os automóveis produzidos no país utilizem motores flex fuel e possam ser abastecidos com etanol.
Além das montadoras que fabricam carros flex no Brasil, outras marcas estão avançando em pesquisas para usar o álcool em automóveis voltados a outros mercados globais, especialmente associados à eletrificação. Nas últimas semanas, a Nissan anunciou um projeto para produzir eletricidade a partir do etanol em células de combustível e a BMW divulgou o desenvolvimento de um gerador para o modelo elétrico i3 com o mesmo combustível.
ESTRATÉGIA COMPLEMENTAR AO CARRO ELÉTRICO
Primeira montadora a aderir ao Acordo de Paris, em dezembro de 2015, a Volkswagen já anunciou que pretende se tornar neutra em emissão de carbono até 2050. Na Europa, o conglomerado quer abandonar gradualmente a produção de automóveis a combustão entre 2033 e 2035. Já nos Estados Unidos e na China, esse processo deve demorar mais e, em mercados emergentes como o Brasil, o prazo deve ser ainda maior.
A marca explicou que alguns fatores impossibilitam mudanças mais rápidas, como a indisponibilidade de infraestrutura de carregamento, a energia renovável e o nível de renda local. Por isso, é necessário explorar alternativas aproveitando os recursos locais que já estão disponíveis. O uso de biocombustíveis é uma estratégia complementar para ajudar a indústria em mercados emergentes a neutralizar as emissões de carbono. No Brasil, diversos argumentos indicam o uso do etanol.
Segundo a montadora, um estudo publicado pelo World Wildlife Fund (WWF) Brasil indica que até 2030, os biocombustíveis vão poder suprir 72% da demanda brasileira de combustível apenas com a otimização das pastagens degradadas atualmente, sem competir com a terra necessária para a produção de alimentos. Hoje, várias pesquisas estão em andamento para garantir que essa abordagem permaneça sustentável.