Empresas como Mercado Livre seguem exemplo da Amazon e reforçam frotas com carros movidos a eletricidade para reduzir pegada de carbono
Faz alguns meses que a agenda ESG entrou para a lista de prioridades da indústria nacional. O conjunto de medidas e atitudes que a empresa precisa seguir para ser considerada ecologicamente responsável está influenciando em decisões de vários setores.
Na indústria de comércio eletrônico (ou e-commerce) não é diferente. Gigantes do setor estão incorporando veículos elétricos a suas frotas, e não apenas para reduzir as emissões de CO2. Por trás dessa decisão também está a necessidade de transmitir uma imagem sustentável para seus clientes e fornecedores.
No fim do ano passado, o Mercado Livre adquiriu 70 veículos elétricos para sua frota na América Latina, sendo 51 deles destinados ao Brasil.
Na época, a empresa alegou que a medida foi pensada para aliviar o impacto ambiental derivado do crescimento do comércio eletrônico e a expansão das soluções logísticas da companhia.
Em meados deste ano, a empresa também anunciou a oferta de financiamento para que seus entregadores possam adquirir veículos elétricos. A frota do Mercado Livre é estimada em 10 mil veículos e 600 carretas, quase todos operados por terceiros.
Amazon quer ter 100 mil elétricos fazendo entregas
A eletrificação é uma tendência mundial. Em fevereiro de 2020, a gigante Amazon encomendou nada menos do que 100 mil veículos para a fabricante de carros elétricos Rivian nos Estados Unidos. O planejamento da empresa prevê uma frota de 10 mil veículos elétricos nas ruas até 2022, chegando a 100 mil carros movidos a eletricidade até 2030.
Segundo estimativa da Business Insider, a Amazon entrega 2,5 bilhões de encomendas por ano e é uma das maiores empresas de entregas dos EUA.
A aquisição da enorme frota de vans elétricas faz parte dos esforços para se tornar neutra na emissão de carbono até 2040. A empresa é co-fundadora do The Carbon Pledge, compromisso estabelecido para atingir os objetivos do Acordo de Paris com uma década de antecedência e alcançar emissão líquida zero de carbono até 2040
Frota de elétricos nas empresas cresce a cada dia
Quem está feliz com isso são as montadoras que oferecem veículos comerciais em vendas diretas.
Pioneira na fabricação de veículos elétricos no país, a Volkswagen Caminhões e Ônibus já colhe os frutos da estreia do e-Delivery.
Em pouco mais de 90 dias, a fabricante vendeu 200 unidades do caminhão movido a eletricidade. Isso foi suficiente para comprometer toda a produção até o final do ano, segundo o vice-presidente de vendas, marketing e pós-vendas, Ricardo Alouche.
“Tem muito frotista adquirindo porque o contratante está exigindo que suas entregas sejam feitas por modelos 100% elétricos”, disse.
A chinesa JAC Motors também aposta no sucesso dos veículos elétricos, inclusive nas vendas diretas. O caminhão iEV1200T, por exemplo, já é utilizado por empresas como a transportadora DHL, que já possui uma frota de 25 veículos movidos a eletricidade.
De acordo com Sérgio Habib, presidente da JAC Motors, empresas dos setores de e-commerce e transportadoras já manifestaram interesse nos modelos da marca.
Grande entusiasta da eletrificação, a Renault realiza vendas diretas de veículos elétricos desde 2013. Mercado Livre e DHL utilizam unidades do Kangoo Z.E., que não é comercializado para pessoas físicas no Brasil.
A cartela de clientes da Renault inclui ainda empresas de outros segmentos, como a Porto Seguro e a Itaipu, que utilizam os modelos Twizy e Zoe, inclusive em deslocamentos urbanos no caso da seguradora.