Elevação dos preços e queda da renda do brasileiro acendem alerta nos bancos das montadoras
Os preços dos veículos novos deverão seguir crescendo no mercado este ano em ritmo menos acentuado na comparação com o que se viu ao longo da pandemia, acreditam as financiadoras que mantém operação comercial no País. Diante do cenário é esperado um movimento de adequação das formas de pagamentos oferecidas pelas empresas no sentido de manter as vendas no mercado.
“Com a retomada dos ritmos normais de produção, que foi afetada pela pandemia e pela falta de componentes, esperamos que os preços dos veículos sigam em elevação, mas em progressão mais lenta. As tabelas não voltarão mais ao patamar pré-pandemia de 2019”, disse Paulo Noman, presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef).
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Os preços dos veículos têm se mostrado como entrave às vendas, que cresceram só no ano passado 18% na comparação com os preços praticados em 2020, considerando os carros mais novos, modelo 2022, segundo a KBB Brasil. Com isso, as financiadoras pretendem buscar auxílio em mecanismos ligados às prestações pagas pelos consumidores. “Precisamos vender com uma parcela que caiba no bolso do cliente”, contou Noman.
“Se não fizermos isso o consumidor vai migrar para o carro usado”, contou Eduardo Portas, diretor de vendas da Volkswagen Finacial Services. “Todas as empresas do setor estão buscando formas de se mitigar a elevação dos preços e, principalmente, a perda de renda do consumidor brasileiro.”
UMA PAULADA NO SETOR
O aumento da taxa básica de juros, a Selic, e também o da inflação, restringiram o acesso aos veículos financiados, segundo as fontes ouvidas nesta reportagem. A própria Anfavea considerou “uma paulada” no setor o aumento de 1,5 ponto porcentual para 10,75% feito recentemente pelo banco central.
Ainda que o volume de financiamentos de veículos tenha crescido 7% no ano passado, em dezembro, um mês historicamente reconhecido como de boas vendas, o número de automóveis financiado caiu cerca de 38% na comparação com igual período em 2020, fruto do encarecimento da modalidade de compra que representa 85% das vendas totais de veículos no país.
As financiadoras apostam no momento, por exemplo, no estrangulamento das parcelas iniciais dos veículos financiados, compensando a redução em parcelas finais com valores maiores. A questão neste ponto, no entanto, está nas entradas maiores que os consumidores deverão arcar nestes casos, disse Ricardo Bacellar, fundador da Bacellar Advisory Boards.
“Uma vez que a renda esteja mais restrita, a situação toda se mostra como um cobertor curto. A entrada maior pode assustar o cliente, ainda que as parcelas iniciais sejam atrativas. Mas é esperar para ver, considerando que a entrada geralmente é um veículo seminovo, que estão valorizados no mercado.”