Companhia projeta 23 lançamentos na América do Sul até 2025 e aposta no uso do combustível vegetal
A Stellantis apresentou na sexta-feira, 4, seu plano de lançamentos até 2025, o qual envolve 23 novos modelos, dentre nacionais e importados. Deste total, sete modelos serão equipados com powertrain híbrido, sendo que pelo menos um deles deverá envolver a aplicação de motor a etanol auxiliado por sistema elétrico, uma solução à brasileira, como informou Antonio Filosa, presidente da empresa na América do Sul.
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“A solução a etanol seria específica para o Brasil. O combustível é uma solução competitiva para este mercado e coerente com as metas de emissões estipuladas aqui. Seria um contrassenso criar uma rede para veículos elétricos e ignorar a capilaridade que existe em torno do etanol”, disse o executivo em transmissão online.
A montadora visualiza ritmos diferentes para a adoção de novos tipos de propulsores em seus principais mercados. Enquanto na Ásia, América do Norte e Europa a companhia já sinaliza que terá oferta eletrificada até 2030, motivada pelas leis locais de emissões, na América do Sul, África e Oriente Médio a chegada dos elétricos da Stellantis vai demorar um pouco mais: cinco ou seis anos mais tarde.
Etanol é o caminho mais viável
Nesse sentido, Filosa aponta o custo de produção das baterias como um dos vetores que justificam este gap nos mercados emergentes, os quais, segundo ele, ainda não oferecem escala que viabilize uma eventual operação comercial. Por outro lado, no Brasil especificamente, a eletrificação deverá chegar um pouco mais cedo por causa dos estudos que estão em curso a respeito da aplicação do etanol em modelos híbridos.
“O etanol nos permite alcançar níveis de emissões similares aos de um veículo 100% elétrico, de forma que, até 2025, podemos propor algo com este perfil no Brasil”, contou o executivo.
Os lançamentos previstos envolvem todas as marcas ativas da Stellantis no País: Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën e RAM. Mas não estão descartados modelos de marcas que ainda são inéditas no mercado da América do Sul. Ao todo, o grupo engloba 14 marcas de veículos desde 2021 após o processo de fusão FCA – PSA.
Afora os lançamentos, a Stellantis também projetou 28 reestilizações de modelos que já estão à venda na região nos próximos quatro anos.
Resultados locais em 2021
As vendas da Stellantis na América do Sul no ano passado somaram 830 mil unidades, cerca de 13% do total vendido pela empresa no mundo no período, 6,1 milhões de unidades. Em termos de receita operacional, a região foi responsável por 7% do faturamento global da empresa, chegando a € 10,7 bilhões.
No Brasil, o grupo automotivo encerrou o ano passado com um market share de 33,9%, o maior dentre todas as montadoras que mantêm operação no país. Foram vendidos 80,6 mil veículos, sendo a maior parte de modelos Fiat, com 49,7 mil unidades. Jeep, Peugeot, Citroën e RAM seguem na sequência em volumes de vendas.
Sobre esta última marca, focada no mercado de picapes, a empresa pretende aumentar a participação na região, que teria, segundo Filosa, uma demanda crescente pelo utilitário. No primeiro bimestre, a RAM deteve 0,1% do mercado brasileiro.
Pelos cálculos da Stellantis o mercado de picapes deverá formar fatia de 18% do total vendido no mercado na América do Sul até 2025. Por outro lado, a expectativa é de que as melhores oportunidades estejam ainda concentradas no segmento de SUVs, cuja participação deverá saltar de 34% para 38% nos próximos quatro anos.