Entre 2018 e 2020, Brasil registrou quase 4 óbitos de ciclistas por dia
Sexta-feira, 3 de junho, é Dia Mundial da Bicicleta, mas os ciclistas brasileiros têm pouco a comemorar: o total de sinistros graves com ciclistas no Brasil aumentou 11% em 2021 na comparação com 2020. Foram 14.416 casos em 2020 e 16.070 em 2021.
Entre 2018 e 2020, segundo dados do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde, o Brasil registrou quase quatro óbitos de ciclistas por dia. Além disso, cerca de 55,8 mil ciclistas foram internados gravemente na rede pública entre 2018 e 2021, vítimas de sinistros de trânsito (80% do gênero masculino e 47% com idades entre 20 e 49 anos).
Em alguns estados, o número de internações praticamente dobrou em 2021, como é o caso do estado de Goiás: aumento de 101% em relação ao ano anterior. Também chama a atenção o salto no número de sinistros graves envolvendo ciclistas nos estados do Ceará (44%), Sergipe (37%) e Rio de Janeiro (34%).
Outros dados oficiais levantados pela entidade mostram a evolução dos sinistros. Registros de 2020 da Polícia Rodoviária Federal (PRF), por exemplo, mostram que, só nas rodovias brasileiras, a colisão entre veículos e bicicletas vitimou 13.648 pessoas, sendo que 16% delas não sobreviveram. Outros 223 mil motociclistas e/ou ciclistas também sofreram queda nas pistas, com mais de 7 mil casos com desfecho fatal.
Como reduzir acidentes
Devido a esses dados alarmantes, a Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) divulgou uma diretriz de conduta para orientar os médicos especialistas e todo o sistema de saúde sobre as melhores práticas no atendimento de sinistros envolvendo ciclistas. O documento está disponível no site da Abramet.
De acordo com o material, por quilômetro percorrido, aqueles que se deslocam através de bicicletas têm oito vezes mais probabilidade de morrer em um acidente de trânsito do que ocupantes de um veículo de passeio, estatística superada apenas pelos deslocamentos a pé (nove vezes mais) e por motocicletas (vinte vezes mais).
Na nossa reportagem Como o Brasil pode parar de matar ciclistas?, especialistas apontaram que, entre as principais causas para os sinistros, estão: a falta de infraestrutura adequada para as bikes, a falta de políticas públicas que incentivem esse modal, a falta de fiscalização e punição a motoristas causadores de sinistros e, principalmente, os altos limites de velocidade praticados em áreas urbanas. Não bastam apenas medidas isoladas, é preciso uma grande mudança de cultura em nossa sociedade.
O Brasil possui a sexta maior frota de bicicletas circulando pelo mundo, com 70 milhões de unidades, ficando atrás apenas de países como a China, a Índia, os EUA, o Japão e a Alemanha. Também somos o quarto maior produtor mundial, colocando no mercado cerca de 4 milhões de novas unidades por ano.