Produção de caminhões fica abaixo de 60 mil e acumula queda de 2,8%

Montadoras apostam no segundo semestre para virar o jogo e superar falta de chips, pneus e outros insumos

Mario Curcio

Mario Curcio

Montadoras apostam no segundo semestre para virar o jogo e superar falta de chips, pneus e outros insumos

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A produção de caminhões deu um salto em maio e alcançou 13,9 mil unidades. Foi o maior número registrado em um mês desde novembro e também o melhor maio desde 2013. Na comparação com abril houve alta de 38,5%. No acumulado do ano, porém, foram montados 58,4 mil caminhões, indicando queda de 2,8% na comparação com os mesmos cinco meses do ano passado. Os números foram divulgados na terça-feira, 7, pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).


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A entidade garante que a demanda por veículos permanece aquecida, mas a indústria ainda é afetada pela falta de insumos. “A crise logística ainda é o principal desafio a ser enfrentado pelo setor”, afirma o vice-presidente da Anfavea, Gustavo Bonini.

O executivo afirma que as fabricantes vêm administrando o problema e acredita que o segundo semestre será melhor que o primeiro. O presidente da Anfavea, Márcio Leite, adverte que a falta de componentes já não se concentra nos semicondutores (chips): “O problema é mundial e atinge também borrachas [pneus inclusive], cabos, resinas e também fundidos.”

Os números da Anfavea revelam que a produção de caminhões semipesados (com Capacidade Máxima de Tração, CMT, até 45 toneladas) é a única a apontar alta no acumulado do ano. Foram fabricadas 18,6 mil unidades, 8,9% a mais que em iguais meses do ano passado.

Menos de 9 mil caminhões exportados em 5 meses

O mês de maio teve 2,3 mil caminhões enviados ao exterior e registrou alta de 13,9% sobre abril. No acumulado dos cinco meses foram 8,9 mil unidades, um aumento de apenas 0,3% sobre iguais meses de 2021. O maior volume permanece para os caminhões pesados (com CMT acima de 45 toneladas).

Mercado interno acumula queda de -1,5%

O quinto mês de 2022 teve 22 dias úteis e permitiu o emplacamento de 10,4 mil caminhões, quase 11% a mais que no mês anterior. Mas o acumulado do ano somou 46,6 mil unidades licenciadas, 1,5% a menos que em iguais meses de 2021.
É bem provável que o fechamento do semestre termine em alta, já que boa parte da produção de maio (a melhor do ano) estará nas ruas até o fim de junho. No começo de julho, quando apresentar os resultados do semestre, a Anfavea provavelmente revisará suas projeções anuais de produção, vendas internas e exportações.

Só ônibus acumulam alta na produção: quase 20%

O mês de maio também foi o melhor de 2022 para a produção ônibus. Foram 3 mil unidades, indicando aumento de 85,4% sobre abril. “Não houve paradas simultâneas e as fábricas conseguiram se concentrar na produção desses chassis”, afirma Bonini.

No acumulado do ano, a indústria local fabricou 10,3 mil unidades, anotando crescimento de 18,8% sobre iguais meses de 2021. É a única alta acumulada em produção, já que os automóveis e comerciais leves recuaram 10,2% e os caminhões, 2,8%. Do total produzido, 8,9 mil eram ônibus urbanos. O segmento de ônibus parece ensaiar uma recuperação nas exportações. Foram 423 unidades enviadas ao exterior em maio, 38,7% a mais que em abril. 

O acumulado do ano teve 1,7 mil embarques, anotando alta de 9,7% sobre os mesmos cinco meses do ano passado. Mas ainda são volumes muito pequenos para o setor mais afetado pela pandemia de  Covid-19 em razão da redução do número de passageiros transportados e da redução da atividade turística.

Mercado interno de ônibus cai 3,3%

O mês de maio anotou 1,4 mil ônibus emplacados. O volume foi quase 30% melhor que o de abril, que teve apenas 19 dias úteis. Na distribuição de vendas entre os diferentes segmentos, os miniônibus responderam por 6% do total e os micro-ônibus, por 16%.

Os veículos para o programa governamental Caminho da Escola alcançaram 29%, mesma fatia dos modelos urbanos. Os rodoviários somaram 15% e o fretamento, 5%. O total licenciado nos cinco meses ficou abaixo dos 6 mil ônibus (exatos 5.905), resultando em queda de 3,3% em relação aos cinco primeiros meses de 2021. Gustavo Bonini também confia na recuperação do setor para o segundo semestre.