GWM mostra tecnologia híbrida que usará no Brasil

Haval H6, SUV médio da fabricante chinesa, terá conjunto que permite condução 100% elétrica e será flex no futuro

Fernando Miragaya

Fernando Miragaya

Haval H6, SUV médio da fabricante chinesa, terá conjunto que permite condução 100% elétrica e será flex no futuro

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Nada de parecer igual ao que já tem por aí. A Great Wall Motors (GWM) fez questão de pontuar que sua tecnologia de motores híbridos é diferente da de outros modelos eletrificados que já rodam Brasil afora. Chamada de Dedicated Hybrid Technology (DHT), o conjunto vai estrear no Haval H6, SUV médio que abrirá os trabalhos da fabricante chinesa no segundo semestre.

O sistema foi criado com a plataforma LMN da Great Wall, exclusiva para veículos eletrificados de passeio e lançada em dezembro de 2020. O DHT traz opções híbrida convencional (HEV) e híbrida plug-in (PHEV), com vários modos de condução e um sistema de transmissão e gerenciamento eletrônico que a GWM considera como “revolucionário” e “inédito”.

Tecnologia híbrida da Great Wall usa motor turbo

A combinação de todas as versões é a mesma. O motor 1.5 turbo (por enquanto, puramente a gasolina) trabalha com outro elétrico posicionado no eixo dianteiro e com um gerador elétrico, em um sistema batizado de dual motor. Neste esquema, o motor elétrico efetivamente traciona as rodas, enquanto o gerador ajuda o motor a combustão, tanto para enviar força para os eixos, como para exclusivamente gerar energia para as baterias que movem a unidade elétrica.

Desta forma, as potências combinadas vão de 243 cv a 393 cv, e os torques máximos ficam entre 54 kgfm e 58 kgfm, conforme a condução – que explicaremos mais abaixo. Há ainda a variante com um segundo motor elétrico e tração integral, a PHEV P4. Neste caso, o conjunto híbrido pode gerar até 483 cv e 77,7 kgfm. 

Apenas duas marchas

Até aí, nada de grandes diferenças em relação ao que já vemos no mercado global e brasileiro. A grande aposta da GWM está no sistema de transmissão. É uma espécie de câmbio variável, apesar de a marca chinesa frisar que não se trata de uma caixa CVT com engrenagens planetárias.

A transmissão do sistema DHT usa um par de engrenagens e apenas duas marchas. Uma para baixas e médias velocidades, e outra para altas velocidades. Desta forma, os modelos da GWM prometem oferecer até sete modos de condução, autonomia em modo 100% elétrico de até 200 km e desempenho de esportivo.

Os modos de condução da tecnologia híbrida da GWM

  • 100% EV – Só o motor elétrico trabalha e a unidade a combustão é desativada. Segundo a GWM, a autonomia pode chegar a até 200 km. Entra em ação em baixas velocidades, saídas de estacionamento ou situações de manobra. Na configuração híbrida plug-in, há opção de selecionar esse modo EV.
  • Serial – O motor a combustão não traciona diretamente as rodas, só gera energia para o gerador, para este alimentar as baterias. 
  • Paralelo low speed – Atua a velocidades entre 50 km/h e 70 km/h com os dois motores funcionando juntos. Usa a marcha para baixas/médias velocidades e promete até 39% de eficiência em relação a modelos puramente a combustão. 
  • Paralelo high speed – Usa a potência do motor a combustão e o câmbio entra em ação com as engrenagens para velocidades altas.
  • Paralelo full power – Entra em cena em arrancadas, ultrapassagens na estrada e subidas de rampas. Neste modo, o motor a combustão e o elétrico geram potência máxima e o gerador fornece torque extra para o propulsor a gasolina. 

Desempenho e eficiência

Os números de desempenho surpreendem. Pelos dados fornecidos pela Great Wall, os híbridos e híbridos plug-in podem cumprir o 0 a 100 km/h de 8,0 a até 6,5 segundos. Já o PHEV P4, com um segundo motor elétrico no eixo traseiro e tração integral sob demanda, promete essa performance em 4,8 s e capacidade de encarar trechos com até 65% de inclinação. ainda segundo a marca chinesa, alguns carros podem superar os 1.000 km de autonomia combinada (combustão e elétrico).

Todos os modelos também têm o já conhecido One Pedal Drive. Ao selecionar o modo na central multimídia dos veículos, as desacelerações são otimizadas. O carro praticamente “freia sozinho” quando o motorista tira o pé do acelerador e a força dessas frenagens servem para carregar as baterias.

SUV Haval terá tecnologia híbrida da Great Wall

A tecnologia híbrida DHT da marca chinesa estará disponível já na linha de SUVs da Haval, que começará com o H6. O utilitário esportivo será lançado em versões HEV e PHEV. E a médio prazo, o conjunto também aceitará etanol.

“Nosso futuro é híbrido flex”, sentenciou o CCO da Great Wall, Osvaldo Ramos.

A aplicação de motores flex deve conciliar com o início das linhas de montagem em Iracemápolis (SP). Na antiga fábrica da Mercedes-Benz, a GWM vai produzir primeiro a linha de picapes médias Poer – também híbrida – e a linha de utilitários esportivos da Haval. A produção começa no primeiro trimestre de 2023.

A unidade também vai fabricar modelos zero combustão. Porém, a opção por foco majoritariamente nos híbridos neste primeiro momento, de acordo com a GWM, veio de estudos de mercado junto a donos de veículos elétricos.

“O elétrico é bom na cidade, mas o feedback de donos de carros premium 100% elétricos mostrou que, no uso rodoviário, a bateria desce muito rápido. Com o DHT, vamos oferecer um carro realmente elétrico para o dia dia na cidade, mas como motor gasolina, que dá mais tranquilidade e autonomia”, defende Ramos.