Filial brasileira avança em estratégias e é a única subsidiária global da montadora francesa a ter cinco grupos de afinidade
Cada vez mais relevante no setor automotivo, a agenda de Diversidade, Equidade e Inclusão é um dos principais compromissos da Renault. A montadora tem desenvolvido estratégias, principalmente internas, para aumentar a representatividade e a inclusão de pessoas nas mais diversas áreas e níveis hierárquicos da organização. Para isso, tem como objetivo principal atingir a marca de 30% de mulheres na liderança até 2030 e de 50% até 2050.
Essas transformações de médio e longo prazo fazem parte da estratégia de Responsabilidade Socioambiental, divulgada em abril de 2021. Porém, o olhar para a participação feminina no setor não é algo novo na montadora.
Há 12 anos, o grupo de afinidade Women@Renault desenvolve no Brasil programas e ações estruturadas para incentivar a participação feminina no setor. Nesse período, o número de colaboradoras mulheres no quadro geral chegou a dobrar e, em cargos de liderança, elas representam hoje 26% dos colaboradores.
Diversidade na Renault desde a base
Uma das ferramentas da Renault para promover a diversidade na empresa é seu programa de estágio, que tem como objetivo atrair talentos promovendo a diversidade e inclusão. O programa oferece um plano de desenvolvimento robusto com foco em todas as áreas do negócio, incluindo a colaboração em projetos organizacionais e trilhas de desenvolvimento de soft e hard skills.
Em sua última edição, o programa contou com mais de 13 mil inscritos, resultando em 190 novos estagiários. Destes, 67% eram mulheres, 26% LGBTQIAP+, 20% pretos ou pardos além de 6% de multigerações e 1% de pessoas com deficiência. São números que superam os objetivos para os processos de recrutamento e seleção, de 50% de contratação de mulheres em todos os níveis, começando por aprendizes e estagiárias, como forma de construir um ambiente mais igualitário para as futuras gerações desde a base.
Neste processo, realizado em 2021, uma das mudanças foi retirar o domínio da língua inglesa como pré-requisito para os candidatos. Trata-se de um conhecimento exigido por muitas empresas do setor, mas que exclui diferentes grupos, como pessoas de baixa renda, que nunca tiveram acesso à cursos de idiomas. Além disso, houve formações prévias ao processo seletivo e um processo de onboarding para que a liderança estivesse mais bem preparada para selecionar e integrar as novas pessoas.
Desenvolvimento de lideranças femininas
A Renault aposta e investe no desenvolvimento de mulheres nos programas de liderança desde cedo. “A nossa estratégia é desenvolver esses talentos internamente, pois temos pessoas competentes para assumirem esses cargos. Hoje muitas empresas buscam incluir mais mulheres na liderança, o que é ótimo para a equidade de gênero na sociedade. No entanto, em sua grande maioria, acabam optando por profissionais ‘prontas’, não desenvolvendo talentos da própria organização”, explicou a gerente de Diversidade e Inclusão da Renault do Brasil, Tatiane Mesquita.
Grupos de afinidade
Tatiane é a representante do Brasil no Comitê de Governança em Diversidade e Inclusão global da Renault, criado em 2020 para alinhar diretrizes e traçar estratégias para cada local onde a montadora está presente. “O Brasil é o único país entre todas as subsidiárias Renault no mundo que tem cinco grupos de afinidade, pelas características da nossa sociedade, e temos sido benchmarking para outros países que querem implementar estratégias de Diversidade e Inclusão”, explica a executiva.
Os grupos de afinidade da Renault são: Women@Renault (gênero), Proud@Renault (LGBTQIAP+), Access@Renault (pessoas com deficiência), AllColors@Renault (raça e etnias) e Generations@Renault (gerações). Estas cinco frentes reúnem colaboradores de todos os níveis da organização, de estagiários à direção. A liderança é escolhida por votação a cada dois anos e cada grupo tem um Sponsor, que é Diretor(a) membro do Comitê Executivo da Renault.
Os grupos são responsáveis por organizar as estratégias para cada pilar da diversidade. Alguns, como o Women@Renault, por existirem há mais tempo, já estão mais avançados em ações e possuem programas perenes, como o Mulherar, que apoia o desenvolvimento de mulheres para sua progressão de carreira.
No ano passado, o Proud lançou a linha Be Proud, de produtos feitos com sobras de materiais oriundos da produção de veículos Renault, como tecidos de bancos e cintos de segurança. Os produtos foram produzidos por uma ONG de mulheres apoiada pelo Instituto Renault e toda a renda foi revertida para pessoas LGBTQIAP+ em situação de vulnerabilidade apoiada pelo Grupo Dignidade.
O Access é o grupo de Pessoas com Deficiência e, por meio dele, por exemplo, a empresa ampliou a acessibilidade e segurança de colaboradores surdos. Na fábrica, o casquete dos operadores surdos é de cor diferente. Assim, os demais colaboradores sabem que se trata de uma pessoa que não vai escutar uma buzina ou um alarme sonoro. Além disso, desde o ano passado a empresa oferece curso de Libras (Língua Brasileira de Sinais) para todos os funcionários.
O AllColors, por sua vez, promoveu a primeira Corrida pela Consciência Negra. O valor das inscrições foi revertido para cursos de inglês para jovens negros. Já o grupo Generations é o mais recente e está realizando escutas com os diferentes grupos etários de colaboradores para levantamento de demandas e planos de ação.
Cadeia de fornecedores
O trabalho da Renault se estende para além do ambiente interno da empresa. A estratégia de diversidade envolve também a cadeia automotiva, desde fornecedores a concessionárias.
A montadora realiza workshops com seus fornecedores para desdobrar estratégias e incentivar a diversidade desde o recrutamento de novos colaboradores. Ao mesmo tempo, se propõe a alinhar valores e comportamentos com foco na inclusão e no respeito à todas as pessoas.
Recentemente, a Renault do Brasil reconheceu 12 concessionárias de diferentes partes do país por suas ações sociais, ambientais e de governança no primeiro “Prêmio ESG Renault”. A premiação foi revertida em doações para projetos sociais nas regiões.
Com ações internas e externas, a Renault tem como objetivo contribuir para tornar o setor automotivo cada vez mais plural, sendo fundadora e mantenedora da UNILEHU (Universidade Livre para a eficiência humana), primeira montadora a aderir ao WEPs da ONU Mulheres, Fórum de Empresas e Direitos LGBTI e Iniciativa Empresarial pela Igualdade Racial.
“É importante ter um ambiente psicologicamente seguro para as pessoas serem quem são. Entendemos o valor e a importância de não apenas ter um ambiente diverso, mas também de uma cultura inclusiva e com equidade para todas as pessoas. Os desafios são diários, mas a Renault sempre teve o pioneirismo em seus compromissos assumidos e vamos continuar fazendo um trabalho consistente”, completou Tatiane.