Unidade terá capacidade, num primeiro momento, para fornecer sistemas para cerca de 1.000 veículos comerciais elétricos
A BorgWarner, tradicional fabricante de componentes para propulsores, caminha a passos largos rumo à descarbonização. A empresa passará a produzir sistemas de baterias para veículos elétricos em Piracicaba (SP) já no primeiro trimestre de 2023. A unidade fabril terá capacidade, num primeiro momento, para abastecer cerca de 1.000 veículos elétricos.
A planta de Piracicaba pertencia à Delphi, adquirida pela BorgWarner em 2020, e receberá a linha da Akasol – outra empresa absorvida pela companhia norte-americana. De acordo com Marcelo Rezende, diretor geral de sistemas de baterias, a marca Akasol será mantida por conta de sua “tradição e força” nessa seara. Esta será a quarta planta da alemã no mundo.
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Embora já tenha mais de um interessado em seus sistemas de baterias, a BorgWarner divulga de maneira oficial, por ora, apenas um cliente: a Mercedes-Benz. A reportagem apurou, no entanto, que outras três empresas já demonstraram interesse e encetaram conversas com a empresa norte-americana.
Produção dos sistemas de baterias da BorgWarner
Piracicaba receberá packs de bateria UHE (ultra-alta energia) da Akasol. Os pacotes virão de Darmstadt, na Alemanha, e chegarão via Porto de Santos. Os componentes pesam 500 kg e medem 1,80 m x 70 cm. No Brasil, os profissionais da BorgWarner adicionarão módulo eletrônico (BMS), DCCU e a caixa de conexão.
Estes componentes feitos no país terão fornecedores locais. Componentes mecânicos, bem como alguns metálicos, serão nacionais. Tal garante às montadoras que comprarão os sistemas de baterias acesso à linha de crédito do BNDES para veículos comerciais.
Segundo Rezende, há a possibilidade de que a empresa passe a produzir os packs localmente no futuro, na segunda fase da produção, ainda com data de início indefinida. A unidade fabril iniciará os trabalhos com capacidade para montar 4 mil sistemas de baterias de 98 kWh em 1 ano – que podem equipar, conforme já mencionado, 1.000 caminhões e ônibus.
Ainda de acordo com Marcelo Rezende, a fábrica tem capacidade de ampliar a produção conforme a demanda. Além disso, embora foque primeiro em caminhões e ônibus, fará sistemas modulares, que poderão equipar de comerciais leves aos veículos de passeio. A expectativa da BorgWarner é de que o mercado brasileiro de VEs comerciais cresça 400% nos próximos cinco anos.
Embora não revele o quanto foi investido na fábrica, tampouco seu número total de colaboradores, a BorgWarner diz que tem profissionais capacitados para a unidade, que também será capaz de gerar novos postos de trabalho. Além disso, a empresa garante que a unidade e seus produtos estão alinhados às práticas ESG. 85% dos componentes das baterias poderão ser recicladas e reutilizadas em estações de recarga rápida, por exemplo. A companhia norte-americana adianta ainda que os sistemas poderão ser remanufaturados.
“Charging Forward”
A produção de sistemas de baterias no Brasil faz parte da estratégia “Charging Forward”, da BorgWarner. O plano inclui aquisições de empresas focadas em eletrificação e no crescimento da receita da companhia em cima das vendas orgânicas de veículos elétircos.
A BorgWarner tinha como meta chegar a US$ 2,5 bilhões em 2025. No entanto, muito por conta da aquisição da Akasol, a empresa já obteve receita de US$ 2,9 bi no ano passado.