Fenabrave diz que é favorável à volta do carro popular

Entidade afirma que concessionários precisam de volume e escala, e que veículo mais barato melhoraria o cenário das vendas

Vitor Matsubara

Vitor Matsubara

Entidade afirma que concessionários precisam de volume e escala, e que veículo mais barato melhoraria o cenário das vendas

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Dias após Antonio Filosa, presidente da Stellantis América do Sul, sugerir que a Fenabrave poderia encabeçar um movimento pela volta do carro popular, a entidade resolveu se pronunciar. E se mostrou receptiva à ideia.

“Sem dúvida, somos favoráveis. O que é preciso é que o carro de entrada volte a ser popular. Estamos em uma época muito diferente do tempo de Uno Mille e da volta do Fusca (ambos em meados dos anos 90). É um cenário bem mais complexo, mas acho que dá para trabalhar com a criatividade para gerar empregos e trazer o cliente de volta”, declarou José Andreta Jr., presidente da Fenabrave.

A entidade, inclusive, ofereceu assistência para viabilizar a ideia.

“Estamos acompanhando o movimento e a Fenabrave possui um banco de dados muito importante e representativo, o qual estamos disponibilizando para o governo realizar um estudo para ativar o setor de veículos no Brasil. No nosso entender esse crescimento vem de baixo para cima, e é preciso atender às pessoas que hoje não tem condições de comprar um carro zero”, complementou Andreta Jr.

O plano seria uma tentativa de alavancar as vendas dos carros novos no país. No mês passado, várias montadoras anunciaram paralisações em suas linhas de montagem por conta da baixa demanda por veículos. Mesmo assim, a Anfavea (Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores) descartou realizar demissões no setor.

Entenda o caso do carro popular

Na semana passada, Antonio Filosa sugeriu que a Fenabrave deveria encabeçar um movimento pela volta do carro popular. Caso isso aconteça, o executivo assegurou o apoio da Stellantis.

“Daríamos todo o suporte industrial ao movimento, como montadora”, disse o executivo na ocasião.

Segundo ele, o tema pode enfrentar algum conflito de interesses na Anfavea. Uma vez que há empresas que simplesmente não querem voltar a vender carros mais baratos pelas margens apertadas.

Já na Fenabrave, o tema encontra terreno mais fértil, já que converge com o interesse das concessionárias de ter uma gama mais ampla de carros para oferecer ao consumidor. Ainda que o valor recebido por cada uma dessas vendas possa ser alvo de debate no futuro.

Vale lembrar que a Fiat é uma das poucas montadoras que atualmente oferecem um carro de entrada. A versão mais barata do Mobi, que é conhecida como Like, é vendida por R$ 68.990 – sem opcionais.

Frente ampla discute a criação do carro popular

Ainda que o CEO da Stellantis tenha sido o primeiro executivo de montadora a falar abertamente sobre a volta do carro popular, não é de hoje que são mantidas conversas a respeito de formas para tornar veículos mais baratos no país.

Foi formada uma espécie de frente ampla em torno da viabilização de versões com preços populares. Um grupo formado pelo Governo Federal, representado pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), pela Anfavea, Sindipeças (fabricantes de autopeças) e Fenabrave tem se reunido com frequência em Brasília (DF) para tratar da pauta.

O presidente da Fenabrave disse que entregou aos interlocutores do governo dados sobre as vendas de veículos. E, principalmente, sobre os custos e as margens médias praticadas pelos concessionários.

“Todo mundo terá de ceder um pouco para baixar o preço dos veículos. Não sabemos ao certo como podemos contribuir, como será feito esse arranjo entre todos. O fato é que os custos subiram muito nos últimos anos e as margens foram espremidas”, disse Andreta Junior. “O setor precisa de volume, e precisamos diminuir a inadimplência”, completou.

Em meados de março, representantes da Anfavea estiveram no ministério da Fazenda para se reunir com Fernando Haddad. Na oportunidade, a viabilidade do carro popular também foi tema do encontro. A ideia é que montadoras e governo abram mão de parte de suas receitas num esforço mútuo para dar vida a veículos mais acessíveis.

Colaborou Bruno de Oliveira