Segundo sindicato, montadora alemã reduziu produção e terá nova programação a partir de maio
A Mercedes-Benz pisou no freio da produção em São Bernardo do Campo (SP). Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do Grande ABC (SMABC), a montadora comunicou que suspenderá o segundo turno da fábrica por até três meses, a partir de maio.
De acordo com comunicado oficial da organização sindical, a Mercedes justificou o turno único com um conhecido discurso: queda da produção, a falta de componentes e as altas taxas de juros no país.
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O diretor executivo do SMABC, Aroaldo Oliveira da Silva, fez coro com a fabricante. O dirigente sindical defendeu uma política de juros que facilite o acesso ao crédito e ao consumo.
“É urgente abrir novas modalidades de financiamento do BNDES e baixar a taxa de juros, que é a segunda maior do mundo, para a retomada do setor. Os juros altos prejudicam o crescimento, impedem a melhoria da produção e a geração de empregos, com efeitos nocivos no setor de caminhões e autopeças”, afirmou.
Os movimentos da Mercedes em São Bernardo
Há duas semanas, conforme Automotive Business antecipou, a Mercedes já havia decidido conceder férias coletivas para 300 funcionários na fábrica de São Bernardo. Em novembro de 2022, a fabricante havia aberto um Programa de Demissão Voluntária (PDV) com o objetivo de terceirizar parte da produção e demitir 3,6 mil funcionários.
O sindicato ressalta, ainda, que a produção este ano foi afetada pela antecipação de compras em 2022, devido às novas normas de emissões alinhadas ao Euro 6.
Balanço revelado nesta terça, 4, pela Fenabrave (entidade que reúne as concessionárias do país) apontou pequena alta nas vendas de caminhões no trimestre. Segundo os dados de emplacamentos, foram negociados pouco mais de 27 mil unidades entre janeiro e março de 2023, alta de 2,6% na comparação com o mesmo período de 2022.
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“Estamos já em um processo de negociação com a empresa para avaliarmos as medidas possíveis e necessárias. Vamos pensar os próximos passos e as alternativas para atravessar esse período”, explicou Aroaldo.
Mercedes justifica mudanças
Em comunicado oficial, a Mercedes-Benz afirmou que já previa uma queda do mercado de caminhões. Porém, observou uma demanda “ainda menor” do que o esperado no primeiro trimestre devido às elevadas taxas de juros e às restrições ao crédito.
A Mercedes confirmou as férias coletivas parciais de funcionários das unidades de São Bernardo e Juiz de Fora (MG), entre 3 de abril e 2 de maio. Além de semanas reduzidas de trabalho “conforme necessidades das áreas”.
Ainda na nota, a montadora garante que está em negociações com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC para a adoção do turno único de trabalho na produção de caminhões. E confirmou que esta mudança se dará em período de dois a três meses a partir de maio.
“Todas essas alternativas estão sendo negociadas previamente com total transparência junto ao Sindicato dos Trabalhadores com o objetivo de buscar formas de gerenciar a queda de demanda, mantendo o nível de emprego. Mais uma vez asseguramos a nossa prioridade em atender nossos clientes e seguir com a nossa missão de entregar os melhores caminhões, chassis de ônibus, serviços e tecnologias ao mercado”, completa o comunicado.