Mesmo com demanda fraca, Fenabrave sustenta projeções de vendas e alerta sobre inadimplência

Entidade que representa os concessionários reafirma cenário de cautela e segue com prognóstico de estagnação nas vendas

Bruno de Oliveira

Bruno de Oliveira

Entidade que representa os concessionários reafirma cenário de cautela e segue com prognóstico de estagnação nas vendas

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Nem o cenário de crédito escasso, nem a demanda menor, fizeram com que a Fenabrave, a entidade que representa os concessionários no país, revisasse suas projeções para 2023. Na segunda-feira, 3, o presidente da federação, José Maurício Andreta Junior, disse que o cenário envolvendo as vendas de veículos novos segue nebuloso. Mas que ainda é preciso esperar para promover alterações no prognóstico.

Assim, vamos recapitular: em janeiro, a entidade informou que sua visão acerca do mercado em 2023 era conservadora. Ou seja: o desempenho comercial deste ano seria idêntico ao do ano passado, a não ser que surgisse um fato novo, como frisou à época o presidente da Fenabrave.

Se considerarmos que montadoras e distribuidores de veículos já vem há algum tempo alertando sobre o crédito caro e restrito, e sobre como isso poderia afetar a demanda, de fato, não há até o momento nenhum fato novo que possa levar os concessionários a alterarem as suas projeções.

Por outro lado, é praticamente inevitável que isso não aconteça ao longo do ano com os clientes indispostos ou impossibilitados de fechar negócio. Essa distância do consumidor já elevou os estoques no primeiro trimestre, saltando de 39 dias, em fevereiro, para 44 dias ao fim de março, segundo Andreta Junior. Levou também parte das montadoras a ajustarem o ritmo de suas linhas de produção.

Fenabrave aposta nas vendas do carro popular

A Fenabrave se juntou à Anfavea e ao Sindipeças em uma espécie de frente ampla pela volta do carro popular no país. Assim como as demais entidade, a representação dos concessionários entregaram ao governo federal dados acerca da operação, como indicadores de vendas e margens.


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Com as informações em mãos, afirmou o presidente da Fenabrave, o governo terá subsídios para poder dar início a um estudo mais amplo em torno daquilo que poderá propor ao setor automotivo em termos de ferramentas que viabiliziriam veículos com preços mais baixos no mercado.

Ainda não estão claros os critérios que definirão o denominado carro popular, se ele será caracterizado por uma cilindrada específica, por peso ou nível de emissões. Segundo Andreta Junior, é exatamente isso que está sendo analisado em Brasília (DF) no momento.

Carro popular pode ter motor só a etanol

À reportagem, uma fonte da indústria disse que há grandes chances de a versão popular almejada ser, no fim das contas, um veículo desprovido de parte dos itens que não são obrigatórios por lei no país, mas que hoje saem de fábrica. A aplicação de um motor movido exclusivamente a etanol também estaria sendo discutida.

“A aplicação do etanol apenas, e não do motor flex, já resolveria uma série de questões, como o próprio nível de emissões de uma versão de entrada e, também, promoveria uma redução importante de componentes eletrônicos no powertrain, o que baixaria os custos”, contou o interlocutor.

Mesmo com toda essa articulação em curso, o presidente da Fenabrave acredita que também é preciso reduzir a inadimplência entre os consumidores — entre aqueles que mantêm algum compromisso envolvendo veículos, cerca de 50% está endividada.